terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

"Reflexão sobre os relacionamentos modernos”

A sociedade humana é dinâmica em suas atitudes e valores. Isto pode parecer positivo, mas é preciso verificar em que sentido caminha a humanidade. A civilização apresenta basicamente dois tipos de mudança constante: científica e comportamental.
Pelo lado tecnológico, ficamos extremamente admirados com tanto desenvolvimento. Em questão de meses, os avanços científicos são ultrapassados por novas descobertas e invenções. A questão comportamental, entretanto, não apresenta progressos, haja vista o fato de ocorrerem guerras em pleno século XXI. Isto, porém, não surpreende àqueles que conhecem as profecias bíblicas (Mt.24). A criminalidade, o terrorismo e a exploração dos ricos sobre os pobres têm crescido assustadoramente.
Na questão dos relacionamentos, os valores morais têm sido abandonados em nome do prazer egoísta, criando também um tipo de exploração. Alguns podem ver tudo isso como “liberdade” ou “modernidade”. Contudo, percebemos a mente de Satanás por trás de novidades como o “ficar”, que é um tipo de relacionamento rápido e irresponsável, onde duas pessoas se entregam uma à outra numa relação de egoísmo em dupla.
Cada um quer o prazer pelo prazer. O valor da outra pessoa é reduzido a nada. Os seres humanos se tornam objetos nesse tipo de relação. É bom lembrarmos que, em muitos casos, o chamado “namoro” pode ter também os mesmos defeitos, mudando apenas o nome e a duração do problema. Aquele que se dispõe a assumir um namoro pode parecer bem intencionado, mas só Deus e a própria pessoa sabem suas verdadeiras intenções.
Se vamos usar alguém e jogar fora, mesmo com o consentimento dessa pessoa, estaremos pecando contra Deus, que nos fez à sua imagem e semelhança, razão suficiente para que nos tratemos uns aos outros com dignidade e respeito. Outro motivo da valorização de cada um é o fato de Cristo ter morrido por nós. Quão grande valor cada pessoa tem aos olhos de Deus! Não podemos reduzir nenhum ser humano ao nível de um objeto descartável.
Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo” (ITss.4.3-8).
É compreensível que os ímpios cometam vários tipos de imundícias, mas o caminho do cristão é outro. Todo relacionamento sentimental do servo de Deus deve ter em vista o casamento. É verdade que, por motivos diversos, nem todo namoro conduz ao matrimônio, mas o propósito fundamental deve ser esse. Não é que o João vá namorar a Maria com certeza prévia de se casar com ela, mas, pelo menos, que essa possibilidade esteja sendo avaliada seriamente. O namoro como um fim em si mesmo não é bom e pode gerar muitos pecados.
Algumas pessoas reclamam da solidão, como se isso fosse o fim do mundo. É claro que uma vida de solidão é terrível, mas um adolescente, por exemplo, deve se satisfazer com a companhia dos amigos, da família e dos irmãos em Cristo. Pensar que um namoro ou um “ficar” seja a solução para a solidão pode ser uma idéia maligna, uma porta aberta para relações desnecessárias, fora do tempo, e que podem trazer danos permanentes para a vida.
Jeremias escreveu: “Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. Que se assente ele, sozinho, e fique calado, porquanto Deus o pôs sobre ele” (Lm.3.25-28).
Estar solitário por algum tempo não é o fim do mundo. É importante saber esperar o que Deus tem para cada um, sabendo que o Senhor é bom e tem o melhor para nós.
Não podemos fazer regras muito definidas sobre namoros, mas uma coisa é absolutamente clara nas Escrituras: o solteiro não pode ter relações sexuais (Dt.22.20-29; ICo.7.2). Aquele que transgride nessa área está cometendo o pecado da prostituição(fornicação), ainda que seja com um namorado ou noivo. O jovem cristão não pode falhar nesse ponto, pois seu corpo é o templo do Espírito Santo. Os riscos são muito grandes e as conseqüências podem ser terríveis. Quando a mãe de Jesus concebeu pelo poder do Espírito Santo, ela estava noiva e era virgem. Se tivesse se entregado a José antes do tempo, tornar-se-ia desqualificada para o propósito de gerar o Messias.
Por quê existe tanto regulamento a respeito da sexualidade? O sexo é algo sagrado, porque através dele transmitimos a vida. Isto não pode ser feito de modo irresponsável.
A virgindade deve ser valorizada pelos servos e servas de Deus até que se chegue ao matrimônio. Aquele que se entrega antes do casamento, está desonrando seu futuro cônjuge, mesmo sem conhecê-lo.
A "liberdade sexual" é considerada muito normal hoje em dia. Pode ser normal para o diabo e para todos aqueles que quiserem morar com ele no inferno. Para o cristão, normal é ser santo!
Além disso, especialistas afirmam que aqueles que chegam virgens ao casamento terão maior probabilidade de permanecerem casados, pois não terão experiências íntimas anteriores como elementos de comparação. Quem nunca se prostituiu dificilmente irá adulterar. Por outro lado, aquele que se acostumou com a variedade de parceiros em sua vida sexual terá grande dificuldade para ser fiel.
Se carregamos o nome de Jesus sobre nós, se nos declaramos filhos de Deus, precisamos honrar seu santo nome. Caso contrário, o Senhor se envergonhará de nós no dia do juízo e de forma alguma entraremos no seu reino, conforme se vê claramente em Gálatas 5.19-21, exceto se houver arrependimento e mudança. Ainda assim, as conseqüências do pecado acontecerão nesta vida porque “aquilo que o homem semear, isto também ceifará” (Gálatas 6.7).
Os relacionamentos do servo de Deus devem ser pautados pelo amor e pela responsabilidade. Uma coisa não pode ser separada da outra.
Falamos muito sobre o plano de Deus para nós, mas devemos nos lembrar também de que existem os planos de Satanás para cada um. O inimigo deseja que cada jovem se relacione de modo irresponsável com muitos outros, deixando pessoas feridas e traumatizadas pelo caminho. Ele quer também que isto seja motivo para que muitos se esfriem espiritualmente e abandonem a igreja, enquanto outros, olhando de fora, queiram distância do cristianismo. O Diabo pretende também que, num desses relacionamentos, aconteça uma gravidez indesejada e, quem sabe, até um aborto? O inimigo quer que o jovem de hoje seja o adulto deprimido de amanhã, com lembranças amargas, consciência pesada e reputação destruída. Que tal uma aids também para completar?
Cada jovem deve avaliar a sua vida para saber se está no caminho de Deus ou se está colocando em execução os planos de Satanás.
Nem tudo o que o mundo faz nós podemos fazer. Afinal, somos filhos do Rei. Não podemos sair por aí fazendo tolices. Precisamos honrar nosso Pai, sabendo que ele tem o melhor para nós.

Sujeitai-vos a Deus; resisti ao Diabo e ele fugirá de vós” – Tg 4.4.

Em Cristo,Leonardo Araújo

Davi X Golias - Derrubando os gigantes pelo poder da fé(Esboço de sermão)


O povo filisteu foi um dos maiores inimigos de Israel no período do Antigo Testamento. A Filístia era habitada por descendentes de Cão, filho de Noé (Gn.10.14). Em virtude da maldição que pesava sobre eles, seu território se tornou parte da terra prometida por Deus a Israel (Gn.9.25; Js.13.1-2). Este era, portanto, o maior motivo das guerras entre as duas nações.
Na época do rei Saul, os filisteus se levantaram contra Israel (ISm.17.1), e seu principal soldado era um gigante: Golias, que media três metros de altura. Ele desafiou os israelitas, com aparência assustadora e palavras de ameaça, causando espanto e medo (I Sm.17.11,24). O povo de Deus se impressionava pelo que via e ouvia, deixando de viver por fé.
Todo o exército de Israel não conseguia vencer aquele único homem. Que vergonha! Era uma situação de afronta e humilhação extrema (ISm.17.25). Esvaiu-se a glória dos comandantes. De nada adiantaram os treinamentos, as estratégias e a força das armas. O rei Saul, embora fosse o israelita mais alto (ISm.9.2), era incapaz de derrotar o gigante.
Como se poderia compreender aquela situação? O povo de Deus estava sendo afrontado por uma nação ímpia. A explicação é que Israel não destruiu os filisteus na época de Josué, conforme a ordem de Deus (Js.13.1-2). Aquilo que não resolvemos no tempo certo acaba crescendo e se tornando um problema gigante.
Em meio àquela situação difícil, Davi se prontificou para combater o filisteu. Um pequeno servo de Deus enfrentaria um grande inimigo. O que define a batalha não é a nossa estatura, mas o tamanho do Deus a quem servimos. "Maior é o que está em nós do que o que está no mundo" (IJo.4.4).
Gostaríamos de não encontrar gigantes pelo caminho, mas, se não encontrássemos, também não teríamos grandes vitórias na vida.
No primeiro momento, as pessoas não deram crédito a Davi, pois o julgavam pela aparência. Ele era formoso, porém pequeno. Era o mais novo dos filhos de Jessé e não fazia parte do exército (ISm.17.14). Recebeu apenas a simples tarefa de levar um lanche para seus irmãos (ISm.17.17).
Na seqüência, observamos que Eliabe, Saul e o próprio Golias expressaram opiniões negativas sobre Davi (ISm.17.28,33,42). Entretanto, Deus tinha uma opinião positiva sobre aquele jovem. Davi não deu ouvidos a todas aquelas palavras malignas a seu respeito, mas ficou firme em sua convicção espiritual, demonstrando fé, coragem, ousadia, iniciativa e determinação. Não ficou limitado às palavras e à fé, mas partiu para a ação, sendo o único a se oferecer para enfrentar o gigante.
Acima daquilo que se diz a respeito do servo de Deus, importa o que ele, de fato, é. Percebemos, no episódio, alguns traços importantes do caráter de Davi. Ele era submisso e obediente ao seu pai. Era trabalhador, cuidando das ovelhas. Estava disposto a servir, levando o alimento para seus irmãos. Era corajoso, pois não se negou a correr riscos indo ao campo de batalha. Era solidário e participativo. Ele poderia considerar que o gigante era um problema dos soldados. Contudo, o jovem tomou uma postura em defesa do interesse coletivo, entrando numa guerra que não era particularmente sua. Poderia apenas entregar o suprimento de seus irmãos e ir embora. Entretanto, ele tinha visão, percepção das oportunidades, para fazer mais do que lhe tinha sido ordenado.
Na hora do confronto, o que pesou foi sua história de relacionamento com Deus, além da fidelidade presente. Não podemos depender apenas de um clamor no momento do aperto, embora isto possa até funcionar. Davi tinha uma vida de dedicação ao Senhor e obteve experiências com ele antes daquele dia. Seu currículo era significativo. Tendo enfrentado o leão e o urso, o jovem pastor estava convicto de que venceria também o filisteu (ISm.17.34-37). As experiências de ontem ajudam a nossa fé hoje. Naquele momento, Davi tomou uma posição de defesa do rebanho de Deus: o povo de Israel.
Saul ofereceu-lhe seus apetrechos de guerra (ISm.17.38), mas aquela batalha não poderia ser vencida simplesmente com os recursos bélicos habituais. Um milagre seria necessário. Em algumas situações, as soluções humanas parecem inadequadas e insuficientes. É quando as esperanças parecem acabar e o fundo do poço fica cada vez mais perto. O que funcionou em outros momentos, agora não resolve. Em ocasiões assim, só Deus pode nos ajudar.
As armas de Saul não serviam para Davi. Aliás, nem para o rei elas estavam adiantando. Quais são as nossas armas? As mesmas do ímpio? Usamos de engano, desonestidade e trapaça para conseguir nossos objetivos? Em que acreditamos? No nosso conhecimento intelectual, força física e influência pessoal? Estamos confiantes no dinheiro, no emprego e nas posses materiais? Nossa fé deve estar depositada no Senhor. Daí em diante, ele pode usar qualquer coisa, até mesmo uma pedrinha, para nos conduzir à vitória. Deus vai usar o que estiver nas nossas mãos. Ainda que seja pouco, será o suficiente.
"Embora vivendo em carne, não militamos segundo a carne; porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (IICo.10.4).
Nossas armas devem ser aquelas que Deus determinou: a Palavra,a oração,o jejum,a fé, a verdade, a justiça,etc (Ef.6.10-18). A tudo isso, acrescente-se a vigilância e a perseverança. Se o soldado ficar distraído ou dormir no campo de batalha, suas melhores armas serão inúteis. O mesmo acontecerá se ele desanimar e desistir no meio da luta.
Devemos usar todas as armas espirituais e não apenas uma delas. Por Exemplo: se alguém usa a palavra de Deus, mas não pratica a justiça ou, se tem fé, mas não fala a verdade, não poderá vencer. Seria como usar a couraça, mas esquecer o capacete. O guerreiro ficaria vulnerável a um ataque fatal.
A oração é uma arma, mas, em muitos casos, não substitui a ação. Davi sempre orava e louvava a Deus, como se vê nos salmos, mas, naquele momento específico, ele precisava agir. Outro exemplo é o caso de Moíses que diante do mar vermelho orou ao Senhor e Este o repreendeu dizendo:"por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem"(Êx 14:15).Aprendemos com este episódio que há o momento da oração,mas também o momento da ação!
Davi enfrentou Golias em nome do Senhor dos exércitos. Ele colocou o nome de Deus em evidência e não o seu próprio nome. Caso contrário, seria derrotado. Se dependermos no nosso próprio poder ou se buscarmos a nossa própria glória, não venceremos. Em todas as nossas lutas, devemos colocar o Senhor em primeiro lugar, no propósito de dar a ele toda honra e todo o crédito pela vitória, pois somos apenas instrumentos do seu poder.
Davi não vacilou, não duvidou nem correu da batalha. Enfrentou o gigante e deu-lhe uma pedrada certeira, derrubando-o por terra. Nós também podemos derrubar os gigantes que nos ameaçam. Para isso, precisamos crer e partir para o ataque.
Golias pode ser comparado às hostes espirituais da maldade e também aos grandes desafios que surgem diante de nós.
Aquele grande problema teve uma conseqüência valiosa. A crise tornou-se a oportunidade que Davi teve para ser conhecido por sua nação. Sem aquele episódio, ele continuaria sendo apenas mais um súdito anônimo no reino de Saul. Matar o gigante foi seu primeiro passo público em direção ao trono.
Precisamos encarar de modo mais positivo as tribulações e desafios que nos sobrevêm. Eles são nosso passaporte para posições mais altas. O potencial que existe em nós, seja pelo aspecto humano e, principalmente, pela ação do poder de Deus, só vai se manifestar diante das adversidades da vida, e, quanto maiores, mais eficientes nesse sentido, desde que tenhamos as atitudes corretas.
Precisamos identificar nossos gigantes e adotar uma postura de fé e ação. Vamos contra eles em nome do Senhor Jesus, pois já somos mais do que vencedores.

. . .© Copyright Leonardo Araújo - /2008. . .

Bateseba - O gigante que Davi não derrubou

A bíblia não se cala sobre os erros de seus personagens, mesmo daqueles considerados de grande importância. Esta é uma forte evidência a favor de sua veracidade.
Davi, no dia da batalha, preferiu ficar em casa descansando (ISm.11.1). Aquele que se mostrara tão audacioso no confronto com Golias, agora deixa que outros enfrentem o inimigo. Estaria acomodado após a conquista do trono? Seria uma questão de preguiça, negligência, omissão? Talvez. Sendo rei, podia fazer ou deixar de fazer o que quisesse. Contudo, a soberania sem limites criou oportunidade para o pecado. Houve mau uso de sua liberdade.
Estando no terraço, ocioso, talvez com a mente vazia, viu uma mulher tomando banho. O homem é muito influenciado pelo que vê. Davi não era diferente. Bate-seba, por sua vez, foi imprudente ou mal-intencionada, ao desnudar-se sem os devidos cuidados. Imediatamente, Davi mandou que a buscassem para si. Quem poderia resistir à ordem do rei? Entretanto, verificou-se ali o abuso de autoridade, a serviço da cobiça e do egoísmo. A concupiscência tomou o lugar do amor ao próximo. Todo líder precisa ser vigilante no uso das prerrogativas de sua posição,reconhecendo os limites de sua autoridade. A função de liderança não significa permissão para o pecado nem isenção de responsabilidade. O súdito ou subordinado não deve ser usado como objeto de exploração ou manipulação.
Davi cometeu adultério com Bate-seba e não imaginou que pudesse ser descoberto. Afinal, não houve testemunhas daquele crime (IISm.12.12). Se a mulher dissesse alguma coisa, ninguém acreditaria e ela ainda poderia sofrer punições por acusar o rei.
Quando Bate-seba voltou para casa, o problema parecia encerrado. Contudo, era apenas o início de um longo pesadelo. Muitos cometem atos ilícitos e pensam que tudo se encerrará ao amanhecer, mas caem em laços que os prendem pelo resto da vida.
O ato pecaminoso deu início a uma série de fatos descontrolados, numa seqüência cada vez mais complicada, irreversível e com desfecho trágico.
Na busca pelo prazer irresponsável, ocorreu o efeito colateral: uma gravidez indesejada. Daí em diante, o desejo de esconder o erro crescia junto com as evidências. Foi assim, desde o Éden (Gn.3.7-10).
Davi passou a se comportar como alguém que tenta, desesperadamente, conter um vazamento perigoso. Todavia, cada medida piorava ainda mais a situação. Seu primeiro plano inteligente para encobrir o pecado foi trazer para casa o marido, Urias, que estava no campo de batalha. Assim, todos pensariam que o filho era dele, ainda que alguns traços reais em seu rosto pudessem desmentir a opinião pública. Depois, o que seria daquele menino? Um pequeno príncipe, filho do rei, sem honra, sem palácio e sem herança.
A idéia de transferência da paternidade não funcionou. O soldado recusou-se a dormir no aconchego do seu lar, enquanto seus correlegionários estavam na guerra. Vemos ali um exemplo de solidariedade e renúncia.
Veio então o "plano B": providenciar a morte do marido. E assim foi feito. Urias foi devolvido ao comandante, levando, por meio de uma carta, sua própria sentença de morte! A maldade do rei adquiriu requintes de crueldade. O pecado traz muitas conseqüências, inclusive novos pecados, talvez até mais graves, para encobrir o primeiro. "Um abismo chama outro abismo" (Salmo 42.7). O adultério traz consigo as mentiras, as farsas, o esforço pelo sigilo e, naquele caso, produziu um homicídio. Entretanto, aquela morte foi muito bem arquitetada. Novamente, a inteligência do rei elaborou um plano astuto. Quem poderia dizer que Davi matou Urias? Afinal de contas, ele morreu em combate. Somente o general tinha conhecimento da ordem para que o soldado fosse colocado na linha de frente.
A pedra lançada num lago provoca uma turbulência na superfície que se propaga em forma de ondas em todas as direções. Assim acontece com o pecado cometido. Ele traz muitas conseqüências, algumas imprevisíveis, com efeitos negativos diversos, afetando o pecador e os que estão à sua volta, principalmente a própria família. O Antigo Testamento traz exemplos de famílias destruídas por causa do pecado de um de seus membros, geralmente do pai (Js.7.24-26; Num.16.31-32). No caso de Davi, sua família sofreu graves danos (IISm.12.10-12; 16.22). Também foi destruído o lar de Urias. Além disso, o filho do adultério morreu poucos dias depois do seu nascimento (IISm.12.18).
Notemos, portanto, a seqüência de fatos: adultério, gravidez indesejada, homicídio, morte do filho. Além disso, o mau testemunho de Davi foi motivo de blasfêmias por parte dos inimigos do Senhor (IISm.12.14), motivo pelo qual o castigo precisava ser de conhecimento público. Não permita que isto aconteça em sua vida. Não entre por esse caminho maligno.
O pecado tem algumas repercuções imediatas e outras a prazo. Seus efeitos afetam o passado, o presente e o futuro. Como pode afetar o que passou? Desvalorizando os êxitos anteriores, derrubando o que foi construído, destruindo lares e reputações, corrompendo os conceitos que já estavam consolidados.Esta semana,por exemplo,assisti uma regravação de uma pregação antiga de um determinado pastor assembleiano aqui do Brasil,o qual era grandemente usado por Deus na ministração da Palavra,há algumas décadas atrás.Como fui profundamente tocado por aquela mensagem fui emprestá-la a um obreiro,amigo de ministério,para assistirmos juntos,ao término do VHS,essas foram as suas palavras :"Que mensagem tremenda-aaa-aa-a!Poderosa-aaa-aa-a!Não dá nem para acreditar que ele caiu com a secretária!!!".Sabemos que a queda daquele obreiro se deu muito anos depois daquela poderosa pregação,porém o pecado manchou até mesmo aquilo que se passou antes da queda!
Quanto ao futuro, as portas se fecham, as expectativas se desfazem ou ficam bastante prejudicadas. O castigo passa a ser aguardado com temor. O pecado abre feridas e deixa cicatrizes. As gerações futuras também podem ser influenciadas negativamente, através de conseqüências naturais e espirituais. No mínimo, receberão o mau exemplo. Na pior das hipóteses, serão exterminadas, como aconteceu com muitos descendentes de Cão.
Depois da morte de Urias, Davi imaginou que seu pecado estivesse seguramente encoberto. Por fim, casou-se com Bate-seba que, nesse tempo, já estava viúva. Aí então, o rei deve ter pensado que tudo estivesse regularizado. Entretanto, o casamento, por si só, não apaga o adultério nem purifica pecados.Davi deu tempo ao tempo,porém o tempo não perdoa pecado! É preciso arrependimento, conversão e perdão. Davi tomou muitas providências para controlar o caos que ele mesmo provocou, mas foi em vão. As soluções humanas não são suficientes para resolver problemas espirituais causados pelo pecado. A vida de Davi parecia continuar dentro da normalidade, quando o profeta Natã veio lhe fazer uma visita. Deus vê todas as coisas. Ele é testemunha e também juiz. Não existe pecado secreto.

"Esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor" (IISm.11.27).

O profeta recebe de Deus a dura incumbência de repreender o rei. O ministério profético, semelhante ao trabalho do oficial de justiça, é difícil, pois pode envolver grandes desafios e grandes riscos. O porta-voz de Deus não pode ser covarde nem medroso. Naquele tempo, sua missão de cobrar o cumprimento da lei fazia com que ele fosse rejeitado e perseguido (Mt.5.12). Sua companhia nem sempre era desejável. Contudo, seu galardão seria grande.
O profeta não é superior ao rei, mas a palavra de Deus, que é o Rei dos reis, está acima de qualquer autoridade humana. Natã foi até o palácio mostrar ao rei que a autoridade divina não pode ser desconsiderada pelo líder humano. O rei não está acima da lei divina. Chegou o momento da prestação de contas. O profeta veio trazer a acusação e a notificação da sentença, embora com oportunidade para que o réu se manifestasse. A abordagem precisava ser feita com sabedoria. Para tanto, uma parábola foi proposta. Davi, sendo músico e poeta, gostava de parábolas, principalmente sobre ovelhas. Contudo, esta não lhe seria agradável.
Ouvindo a respeito do erro do personagem fictício, o rei se apressou em pronunciar a condenação sobre ele (IISm.12.5). Somos rápidos para julgar os pecados alheios, e lentos para o reconhecimento dos nossos. Então, Natã revelou que o personagem pecador representava o próprio rei. Quando ouvimos a palavra de Deus, precisamos olhar para nós mesmos e não ficar tentando enquadrar as outras pessoas.
Ainda hoje, Deus envia sua palavra para mostrar o pecado, avisar sobre as conseqüências e oferecer misericórdia. Cabe ao pecador responder à voz de Deus e aproveitar sua oportunidade.
Davi poderia mandar matar Natã, dando seqüência à série de pecados que vinham sendo cometidos. Entretanto, ele escolheu aceitar a repreensão e se arrepender. Naquele momento, o rei muda a direção de sua vida. Isto é arrependimento. Naqueles dias, Davi compôs o Salmo 51, expressando todo o seu pesar e transformação.
Se não houvesse mudança, Davi morreria (IISm.12.13). Esta seria a próxima etapa em sua trajetória de transgressões. Afinal, o salário do pecado é a morte (Rm.6.23). Contudo, o rei tomou a decisão correta, escolheu o perdão e a vida. Davi foi perdoado (IISm.12.13).
A todos os pecadores, Deus chama ao arrependimento (At.17.30). Os danos causados pelo pecado podem ser muitos, mas o Senhor deseja livrar nossas almas do inferno, que é a última estação para os que insistem em andar longe dos caminhos do Senhor.
Deus perdoa, mas muitas conseqüências permanecem. Portanto, a prevenção é o melhor remédio. O filho daquela união morreu. Um inocente sofreu a conseqüência do pecado de seu pai. Devemos ser cuidadosos para que os nossos filhos não sejam vítimas de nossas iniqüidades.
Não falo de que nossos filhos levarão sobre si nossos pecados,poís a Bíblia deixa claro que:
"a alma que pecar esta morrerá;o filho não levará a maldade do pai,nem o pai levará a maldade do filho;a justiça do justo ficará sobre ele,e a impiedade do ímpio cairá sobre ele."(Ez 18.20).
Contudo sejamos sábios e não loucos. Sábio é aquele que escolhe a justiça e a retidão.
O relato nos ensina sobre o caráter humano e o caráter divino. O amor e a misericórdia de Deus se destacam através do perdão concedido àquele que cometeu pecados tão graves. Talvez não sejamos capazes de perdoar erros de tal magnitude (IISm.12.5).
Por outro lado, a misericórdia de Deus não deve ser utilizada como desculpa para a prática do pecado, pois as conseqüências deste podem ser tão devastadoras a ponto de exterminar o pecador antes do arrependimento e do perdão.
Aprendamos com a história de Davi. Aquele grande servo de Deus cometeu graves pecados, mas não permaneceu neles. Que Deus nos ajude, para que nossas vidas sejam conduzidas dentro da sua vontade, de acordo com a sua palavra, produzindo motivos de glória para o seu nome.
Em Cristo,Leonardo Araújo

9 homens que se esqueçeram de dizer:Muito obrigado! (esboço de sermão)

Muitos são abençoados e logo se afastam de Deus.
Jesus tinha um ministério itinerante na Palestina, mas esta seria sua última viagem (Lc.17.11). Estava indo a Jerusalém para ser crucificado. No caminho, passando pela Galiléia e Samaria, entrou numa aldeia (17.12). Era um pequeno povoado, tão insignificante que nem o seu nome foi citado. Entretanto, Jesus entrou ali. Ele não ficou fora, distante, indiferente. Ele se importava com aquele povo. Havia ali vidas que Jesus queria alcançar. Da mesma forma, ele se importa conosco, por menores que sejamos aos olhos humanos.
Na entrada da cidade, Cristo encontrou dez leprosos, os quais pararam de longe. Por quê eles não se aproximaram? A lei determinava que o leproso ficasse isolado da sociedade por causa do seu mal contagioso (Num.5.2). Logo que a doença era diagnosticada, ele perdia a família, os amigos, o emprego e os bens. Certamente, perdia também a auto- estima e a alegria de viver. Seus novos amigos eram também doentes e excluídos. Suas vidas estavam destruídas, perdidas, acabadas. Seus sonhos tinham sido abandonados. Não possuíam qualquer perspectiva do ponto de vista humano. Além se serem vítimas de uma doença degenerativa, incurável e mortal, sofriam com a discriminação e o preconceito.
Hoje, da mesma forma, muitas pessoas se encontram arrasadas, sem Deus, sem paz, sem esperança. Precisam encontrar Jesus com urgência. Ali estava um grupo de dez leprosos que encontraram Jesus. Aliás, foi ele quem os encontrou. Eles jamais poderiam fazer uma caravana rumo a Jerusalém em busca de Jesus. Seriam impedidos com violência pela população. Entretanto, Cristo foi àquela cidade por causa deles. Ele se importa com os enfermos, solitários, deprimidos, marginalizados, com aqueles que a sociedade abandonou à própria sorte. Não sabemos os nomes daqueles homens. Eram apenas leprosos, e ninguém queria saber como se chamavam. Perderam a cidadania e a identidade.
Contudo, suas vidas mudaram completamente porque tiveram um encontro com Jesus. Nenhum outro podia curá-los, mas Cristo podia. Ele é a única esperança para o homem. O texto fala sobre os sacerdotes (17.14), líderes religiosos da época. Eles estavam em plena atividade, cumprindo rigorosamente seus rituais, mas não podiam curar ninguém. Jesus cura, pois ele tem todo poder sobre todos os males. O que as religiões não podem fazer, Cristo faz.
O texto mostra que aqueles leprosos sabiam quem era Jesus. As notícias já tinham chegado àquele lugar. Entretanto, não basta ter informações sobre Cristo. É preciso conhecê-lo. Agora, eles estavam em sua presença, mas isto também, embora fosse maravilhoso, não era suficiente. Eles criam que Jesus podia curá-los, mas a fé precisa ser colocada em ação. Por isso clamaram: "Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós" (17.13). Todos precisam clamar ao Senhor. O soberbo não clama. Seu orgulho o impede de se humilhar. Entretanto, precisamos reconhecer que, sozinhos, não resolveremos os problemas que afligem nossas almas. A oração é hoje a nossa forma de clamor. Não adianta reclamar, murmurar, blasfemar. É preciso orar a respeito dos males que nos sobrevêm. Eles clamaram a Jesus. Não adianta clamar à pessoa errada, aos falsos deuses, aos líderes religiosos (17.14), ou aos companheiros, também leprosos.
Jesus atendeu ao clamor daqueles homens (14.14). Ele não lhes deu as costas, mas respondeu ao seu chamado. Cristo ouve as nossas orações e nos responde.
Então, o Mestre lhes deu uma ordem: "Ide, e mostrai-vos ao sacerdote" (17.14). O sacerdote era responsável pelo diagnóstivo. Era ele quem podia confirmar a cura. Aqueles homens, ainda leprosos, precisavam obedecer para serem abençoados, e não o contrário. Sua fé precisava estar além das evidências visíveis. Ainda tinham todos os sintomas da doença, mas deviam obedecer à voz do Mestre, sem questionamentos.
"E, indo eles, ficaram limpos" (17.15). A obediência demonstra a fé.A suas peles só foram limpas quando eles iam pelo caminho,nem sempre os sinais da cura são imediatos,neste caso específico a cura estava relacionada a fé,mas também a obediência a voz do Mestre.Não adianta crer e ficar parado. Em muitas situações, a ação deve acompanhar a fé. Então, os dez leprosos foram curados. Jesus curou a todos, sem perguntar sua nacionalidade, religião, etc. Ele não faz acepção de pessoas. A cura acontece pela misericórdia divina e não pelo merecimento do enfermo.
Vendo que estava limpo, um deles voltou para louvar (17.15), agradecer (17.16) e adorar (17.16), prostrando-se perante Jesus. Ele glorificava a Deus em alta voz. Louvando ao Pai, reconhecia que em Jesus operava o poder de Deus. Seu louvor serviria de testemunho para todos em seu caminho. Ao prostrar-se diante de Cristo, comportou-se como um súdito diante do rei e como o adorador diante da divindade. Estaria reconhecendo a divindade de Cristo? É provável. Aquele ato demonstrava rendição, entrega, humildade, submissão.
Imediatamente, Jesus perguntou pelos outros nove que foram curados. Não voltaram para agradecer. Cometeram o pecado da ingratidão.Por isso o tema da nossa reflexão de hoje ser:"9 homens que se esqueçeram de dizer:Muito obrigado"!
Amados,Jesus valoriza o louvor, as ações de graças, a adoração, mas, acima de tudo, ele queria ver aquelas pessoas perto dele, rendidas aos seus pés.
Onde estavam os nove? Foram se mostrar ao sacerdote, receberam o atestado de cura e correram para retomarem a normalidade de suas vidas; talvez tenham ido à procura da família, do patrimônio, dos amigos. Foram procurar um emprego, etc. Não tinham mais tempo para Jesus. Talvez pensassem que não precisavam mais dele. Para eles, Jesus era um abençoador, um curandeiro. Sabiam que ele era Mestre (17.13), mas não estavam interessados em seus ensinamentos. Queriam apenas a benção, o benefício físico, pessoal e imediato.Haveria alguma semelhança com alguns "cristãos" de hoje?Deixo essa pergunta no ar...
O ex-leproso que voltou demonstrou um nível maior de fé e reconhecimento. Hoje, muitas pessoas são curadas, abençoadas, mas poucas querem estar aos pés de Jesus. Poucos querem ter compromisso com ele, servindo-o como Rei, como Deus e Senhor. Cheguemo-nos a Deus, não apenas por necessidade, mas por gratidão.
Jesus disse àquele homem: "Levanta-te e vai; a tua fé te salvou". Agora, ele podia ir e fazer tudo o que os outros fizeram. Podia recuperar a normalidade de sua vida, mas de uma forma muito mais gloriosa do que os nove companheiros. Ele podia testificar que foi, não apenas curado, mas salvo. Podia dizer que viu Jesus, não de longe, mas de perto. Seu testemunho seria completo e eficaz. Foi transformado de corpo e alma,na realidade a benção divina atingiu seu espírito,alma e corpo(o homem integral). Recebeu benefícios temporais,mas também eternos.
Aquele homem era samaritano. Pela atitude de surpresa de Jesus, entendemos que havia judeus entre os dez leprosos, mas só um estrangeiro voltou para agradecer.
Como é a nossa relação com Deus? Não sejamos como aqueles nove homens que se esqueceram de dizer:Muito obrigado.Não façamos parte da maioria que segue para o mal.A maioria nem sempre está certa. Nesse caso, precisamos ser a exceção. Além da bênção, precisamos do abençoador. Onde estão os nove?Seria você caro leitor um deles,O Senhor procura aqueles que um dia foram abençoados e hoje estão distantes dele. É tempo de voltar, prostrar aos pés do Mestre, adorando-o de todo o coração.

. . .© Copyright Leonardo Araújo - /2008. . .

O Primeiro Milagre - A transformação da água em vinho

Jesus e seus discípulos foram convidados para uma festa de casamento e aceitaram o convite (João 2.1-2). Cristo não era alienado. Ele participava dos eventos sociais, procurando estar sempre com o povo. De outro modo, como poderia cumprir sua missão? Precisava estar perto das pessoas para abençoá-las e salvá-las. Os cristãos, da mesma forma, não podem constituir um grupo isolado.Não podemos viver nos extremos:Nem escondidos nas montanhas dentro de um mostéiro,nem comendo dos manjares do Rei Nabucodonosor! Somos diferentes do mundo, mas não distantes ou fora dele (Jo.17.11,15,16). Não podemos aceitar convites para a prática pecaminosa (Pv.1.10-15). Outros, porém, podem ser aceitos. É necessário, contudo, que o cristão, onde estiver, dê um bom testemunho, sendo sal da terra e luz do mundo (Mt.5.13-14), agindo em benefício do próximo.Temos que ser semelhante aquela flor que nasçe em meio ao lamaçal Foi o que Cristo fez. Jesus foi convidado porque sua presença é agradável. Onde ele está, o ambiente é celestial.
A certa altura das bodas, acabou-se o vinho (2.3). Era comum que as festas de casamento durassem sete dias, mas, sem vinho, isso não seria possível. O que fazer? Talvez pudessem comprar mais. Entretanto, é possível que os convidados não estivessem dispostos a esperar. Fim do vinho significava fim da festa.
Como ficaria a reputação do noivo diante de seus amigos? Teria ele falhado na preparação das núpcias? Ficaria marcado como negligente perante a noiva e os familiares? Ainda que os convivas tivessem consumido além do esperado, ou mais rapidamente, o noivo deveria estar prevenido. Estava, portanto, estabelecida uma situação de vergonha e desgosto, podendo marcar, de forma negativa, o início da vida conjugal.
Maria, mãe de Jesus, também estava presente e percebeu que o vinho tinha acabado (2.3). Não tendo poder para resolver a situação, ela foi falar com seu filho. Ele parece não ter recebido bem a interferência da mãe (2.4). Afinal, ele já sabia do fato e talvez estivesse esperando o melhor momento para agir. A presença de Jesus não evita que determinados problemas ocorram.Lembre-sse que em uma das tempestades enfrentadas pelos discipulos,Jesus estava no barco.Aliás,os problemas podem ser necessários e até úteis, desde que sejam bem conduzidos e devidamente solucionados. Uma necessidade torna-se oportunidade para o milagre. Não queremos problemas, mas Deus permite que tenhamos alguns para que também possamos ter experiências sobrenaturais.
Maria sabia que Jesus ia tomar alguma providência e deu, então, uma sábia orientação aos servos da casa: “Fazei tudo o que ele vos disser” (João 2.5).Eis aqui o "verdadeiro mandamento" mariano.Caro amigo católico,se temos algo a aprender com as palavras de Maria,é a verdade de que devemos voltarmos nossa atenção para Cristo, procurando realizar, não apenas parte, mas tudo o que ele nos mandar.
Ele podia fazer o milagre, até mesmo antes que a falta do vinho fosse notada, mas isso não atenderia aos seus propósitos. Ninguém saberia. Seu poder não seria reconhecido (2.11) e Deus não seria glorificado. É preciso que, por algum tempo, sintamos a necessidade, a fim de que a bênção seja desejada e valorizada.
Se Jesus quisesse, poderia dizer uma palavra e o vinho jorraria de todos os vasos e copos, mas ele deseja a participação dos servos na realização do milagre. Em muitos episódios dos evangelhos aconteceu assim: as pessoas esperavam uma bênção e recebiam uma ordem. É preciso obedecer para ser abençoado, e não o contrário. Deus quer a participação humana em suas obras. Ele pode fazer tudo sozinho, mas nos deu o privilégio e a oportunidade de participar, e isto significa trabalho. A nossa fé deve ser demonstrada através da obediência e do serviço, pois “a fé sem obras é morta” (Tg.2). Jesus faz o milagre, mas precisamos fazer a nossa parte(respeitando o devido contexto,é claro).
Os servos tinham muito trabalho a fazer, mas isso lhes daria a chance de serem participantes e testemunhas do milagre. Os convidados estavam em posição mais cômoda. Ficavam apenas se divertindo, enquanto esperavam o garçom passar. Qual é a nossa postura no reino de Deus. Agimos como convidados ou como servos? Queremos apenas beber o vinho do milagre ou trabalhar na sua produção? Aquele que tem a iniciativa de servir, também tem oportunidades singulares. Os servos sabiam o que os convidados ignoravam (2.9).
Jesus mandou que os serventes enchessem de água seis talhas de pedra (2.7). Em cada uma delas cabia entre dois e três almudes, ou seja, entre 72 e 108 litros. Era muita água para ser carregada. O Senhor ás vezes nos manda fazer coisas difíceis, mas, se fizermos, ficaremos satisfeitos com o resultado. Aquele ato de obediência exigia esforço. Jesus abençoa os que trabalham, mas os preguiçosos continuam passando necessidade.
As talhas foram cheias até a borda (2.7). A obediência foi imediata e completa. Quanto mais água, mais vinho. Não podemos fazer apenas o mínimo, a não ser que queiramos uma bênção pequena. Não podemos ser “econômicos” na oração, no jejum, na leitura bíblica e no serviço ao Senhor.Não existe essa história de que fulano é fanático por que ora muito,prega muito,ler muito a palavra.Precisamos a cada dia é:fazer mais, fazer muito e fazer bem feito.
Para fazer o milagre, Jesus usou o que estava à sua disposição: os servos, as talhas e a água. Estamos disponíveis para Cristo operar? Nossos bens, tempo e talentos estão entregues ao Senhor? Se o dono da casa escondesse os recipientes, talvez o milagre não tivesse acontecido, ou a quantidade seria menor.
Todos queriam vinho e Jesus manda encher os vasos com água. Queremos o produto final, pronto e servido. Entretando, a operação divina pode ocorrer em etapas, conforme seus soberanos propósitos. Aquela ordem parecia não fazer sentido, mas ninguém lhe fez perguntas. Devemos obedecer sem questionar. Nem sempre vamos saber o porquê das ordens ou dos atos divinos.
Então, o milagre aconteceu. Jesus transformou a água em vinho. O texto não traz explicações químicas ou biológicas a respeito do processo. Não podemos nem precisamos explicar cientificamente os atos de Jesus. Aqueles que dependem de explicações colocam obstáculos à sua própria fé. Nem sempre vamos saber como Deus opera. Precisamos crer em seu poder, mesmo sem compreender sua forma de agir.
Em seguida, os servos levaram o vinho para que o mestre-sala experimentasse. Ele era o responsável pelo controle de qualidade. Quando experimentou o vinho de Jesus, aquele homem ficou surpreso e maravilhado. Suponho que ele nunca houvera bebido um vinho tão bom. Jesus quando faz algo,faz bem feito. O vinho de Jesus é superior. Experimente! Com Jesus, tudo fica melhor. Não aceitemos o que o inimigo oferece. Deus tem o melhor para nós. Não sejamos impacientes. Esperemos o tempo certo, quando ele suprirá a nossa necessidade de forma miraculosa e surpreendente.
O mestre-sala disse ao noivo: “Todo homem põe primeiro o vinho bom... mas tu guardaste até agora o bom vinho” (2.10). Quando Jesus opera em nós, saímos do limite dos costumes e das tradições para um nível de excelência. As pessoas esperavam que, com o passar do tempo da festa, o vinho fosse piorando, mas, se Jesus está presente, a tendência é melhorar,é ir de fé em fé (Rm.1.17) e de glória em glória (IICo.3.18).
As tribulações são grandes, mas as vitórias são maiores. A festa estava salva. A comemoração podia continuar, com alegria ainda maior. Aquele casamento sempre seria lembrado pela presença e pelo poder de Jesus Cristo.E o seu casamento como tem será lembrado?A presença e o poder do Senhor são notórios no seu matrimônio?ou "o seu vinho já se misturou com água"(Is 1.22) ?
Aqui o problema foi transformado em bênção. Ali Jesus realizou seu primeiro milagre, marcando aquele casal e aquela cidade. Caná da Galiléia ficou definitivamente vinculada à maravilha da transformação da água em vinho.
O fato de Jesus ter escolhido uma festa de casamento para realizar seu primeiro sinal nos mostra como o matrimônio e a família são importantes para Deus. Além de atender à necessidade do momento, aquele ato de Jesus demonstrou seu poder transformador. Hoje, ele tem transformado muitas vidas. Assim como aconteceu naquelas bodas, pode chegar um momento na vida conjugal ou individual quando a alegria acaba. Tudo estava indo tão bem e, de repente, instala-se o caos. Isto pode ser resultado de algum acontecimento ruim, decisões equivocadas ou práticas pecaminosas. Nessas horas, Jesus é a nossa única esperança. Ele pode fazer o que não está ao nosso alcance, e faz muito melhor, dando aroma, cor e sabor à nossa existência.
Jesus é especialista na transformação de vidas. Ele atua naqueles que já foram descartados pela sociedade. Cristo recupera o marginal, transformando-o em cidadão de bem. Acima de tudo, ele nos transforma de tal maneira que possamos ser agradáveis a Deus (Rm.12.1-2).
Depois que a água foi transformada em vinho, a festa continuou, mas isso só foi possível porque os noivos convidaram Jesus para aquele casamento. Todos devem convidá-lo. Nossa vida sem Ele é vazia e inútil. Só Cristo pode nos abençoar, nos dar uma nova motivação para viver. Com Ele, temos um novo começo, pois seu poder age em nós,"ungindo a nossa cabeça com óleo,desorte que o nosso cálice transborda"(Sl 23.5).
Em Cristo,Leonardo Araújo

A Conversão de Zaqueu


Passando por Jericó, Jesus foi seguido por uma grande multidão (Lc.19.1). Naquela cidade morava Zaqueu, chefe dos publicanos, que eram os coletores de impostos para o governo romano. Se um cobrador ou fiscal de tributos já é mal visto pelos contribuintes, quanto mais aqueles que recolhiam o dinheiro de seus concidadãos para entregá-lo ao dominador estrangeiro. Se um publicano já era rejeitado pela comunidade, quanto maior ódio se manifestava contra o chefe da coletoria.
Zaqueu queria ver Jesus, mas sua pequena estatura colocava-o em desvantagem diante da multidão. Mesmo saltando, talvez não conseguisse vê-lo. Se entrasse no meio do povo, corria o risco de ser pisoteado, principalmente sendo o “inimigo público número um”. Teve, então, a ótima idéia de correr na frente de todos e subir numa figueira brava.
Podemos comparar a estatura de Zaqueu às nossas limitações pessoais. Talvez tenhamos bons desejos, boas intenções, mas estamos limitados e impedidos de realizá-los. Muitos querem conhecer Jesus e servir a Deus, mas acham que não estão à altura do padrão divino. Então, buscam recursos naturais ou humanos para superar seus próprios limites.
Zaqueu tinha uma alta posição pública, mas era fisicamente pequeno. Talvez sejamos grandes aos olhos das outras pessoas, mas intimamente sabemos quão pequenos somos, quão carentes e dependentes de Deus. Zaqueu tinha autoridade, riqueza e títulos, mas era falho em seu caráter.
Aquele homem não estava enfermo, endemoninhado, desempregado, nem tinha problema financeiro. Ele não se encontrava em nenhuma das situações que normalmente levam as pessoas a procurarem Jesus. Contudo, ele precisava ser salvo. Todos precisam de Cristo, não apenas para resolver problemas imediatos, físicos ou financeiros, mas o problema da alma, que é o pecado, a separação de Deus e a perdição eterna.
A árvore não resolveria o problema de Zaqueu. Ele veria Jesus apenas de longe. Não poderia tocá-lo, segui-lo, nem conversar com ele. Muitas pessoas imaginam que, por sua própria capacidade e esforço, possam conhecer Jesus ou agradá-lo. Quantos imaginam que a religiosidade ou as boas obras possam aproximá-los de Deus. De cima da árvore, Zaqueu viu Jesus, mas nada lhe restava a não ser observá-lo se afastando até desaparecer.
Entretanto, Jesus olhou para cima e viu aquele homem. Jesus está em busca do ser humano, mais do que nós possamos buscá-lo. O Mestre se importa e toma a iniciativa. Ele se mostrou interessado em se comunicar com Zaqueu. Ele não apenas viu o chefe dos publicanos, mas lhe dirigiu a palavra. Jesus o conhecia, sabia seu nome, e falou com ele, dizendo: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa”. Cristo superou todas as expectativas daquele homem, deixando-o surpreso e maravilhado. Assim ele faz conosco.
Zaqueu recebeu uma ordem de Jesus e obedeceu imediatamente. Ele tinha que descer daquela árvore e encarar a realidade. Ele podia parecer um homem alto, superior a todos, enquanto estivesse lá em cima, mas precisava descer e sentir-se pequeno novamente.
Quase ninguém estaria disposto a visitar um publicano. Seria como entrar na casa de um político corrupto. O visitante passa a ser suspeito também. Entretanto, Jesus rompeu as barreiras do preconceito ao se hospedar naquela casa. Ele não queria apenas um contato casual na rua, mas uma comunhão mais íntima no aconchego do lar. Jesus quer ser nosso amigo íntimo e não apenas que o encontremos no meio da multidão. Ele está em nossa casa ou só o encontramos nas reuniões públicas?
Jesus queria entrar na casa de Zaqueu, mas Ele nunca o faria sem o devido consentimento.Jesus não é mal - educado! Então, Zaqueu o recebeu com alegria. Receber Jesus ou rejeitá-lo é uma decisão que cada pessoa deve tomar. Ele foi recebido, não apenas no lar, mas no coração daquele homem. Percebemos isso pelo regozijo daquele publicano.
Naquele momento, Zaqueu se converteu. Como sabemos disso? Por causa das suas decisões e das ações que executaria. Ele resolveu dar metade dos seus bens aos pobres e devolver quadruplicado o que havia extorquido. Houve mudança de mente, de valores, de propósito, de vida. Isto é arrependimento e conversão. O homem comum só pensa em receber. O convertido pensa em dar e em devolver o que pertence a outrem. Se alguém conhece Jesus, mas continua sendo desonesto, explorador do próximo, mentiroso, corrupto, então não houve conversão. Converter é mudar. Se não houve mudança de direção na vida, então a pessoa continua andando para o inferno, apesar de ter visto Jesus no meio do caminho.
Jesus entrou na casa de Zaqueu e toda a sua família pôde conhecê-lo. Cristo quer alcançar as famílias, abençoar os lares e restaurar os casamentos. Disse então Jesus: “Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão” (Lc.19.9).
Zaqueu era rejeitado e excluído pelo povo, mas Jesus o incluiu no seu plano de salvação, ao dizer: “também este”. Da mesma forma, Ele inclui e considera a cada um de nós como pessoas importantes diante do Pai celestial. Certamente, ninguém acreditava que Zaqueu pudesse se converter, mas Jesus acreditava. Ainda que todos nos rejeitem, Deus nos recebe. Ele acredita em nós e quer nos transformar em cidadãos do reino dos céus.
Zaqueu não merecia ver Jesus, muito menos ouvir a sua voz, receber a sua visita e ser salvo. Nenhum de nós merece as dádivas de Deus, mas ele no-las dá por sua infinita graça.
O povo que ficou do lado de fora começou a murmurar pelo fato de Jesus ter se hospedado na casa de um pecador. Até parece que os outros que ali estavam não eram pecadores. Quando apontamos o outro como pecador, esquecemos de olhar para os nossos próprios erros. Se não os reconhecemos, não arrependemos e não somos perdoados. Zaqueu não acusou ninguém, mas reconheceu seu próprio pecado e resolveu mudar.
Certamente, havia ali muitos religiosos que se consideravam superiores. Achavam que estavam perto de Deus. Contudo, tinham atitudes contrárias a Jesus, resistindo suas palavras e questionando suas ações. Por isso Jesus disse que os publicanos e meretrizes entrariam no reino de Deus antes dos religiosos (Mt.21.31).
Aquele era um dia especial. Jesus estava ali e um pecador se arrependeu. Entretanto, aquele povo não se alegrou com isso, e ainda murmurou contra Jesus porque ele não se comportava de acordo com os preconceitos vigentes (Lc.19.7). Precisamos tomar cuidado para não termos atitudes erradas diante dos atos de Deus. Não podemos ser murmuradores, mas adoradores, reconhecendo as maravilhas que Jesus tem feito.
Hoje veio a salvação a esta casa”. Zaqueu foi salvo e, talvez, toda a sua família também tenha sido. A salvação é o principal propósito do evangelho (Rm.1.16). Jesus veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc.19.10). Seu propósito não é dar riqueza a ninguém. Os valores do evangelho são espirituais e eternos. Não podemos reduzi-los a uma visão materialista e temporária. Zaqueu foi salvo, mas os murmuradores não foram. Nenhum deles convidou Jesus para entrar em sua casa ou em seu coração.
Hoje, Jesus fala a cada um, chamando pelo nome. Ele nos manda descer do nosso orgulho e recebê-lo com alegria. Convide-o para entrar em sua casa, em sua vida. Seja transformado. Seja salvo.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap.3.20).
Em Cristo,Leonardo Araújo