segunda-feira, 31 de março de 2008

Confissão de pecado - C.H.Spurgeon (1)

Meu sermão esta manhã terá sete textos e minha pregação será centrada em apenas duas palavras de cada um, porque os sete textos são todos semelhantes e ocorrem em sete porções diferentes da santa Palavra de Deus. Porém, eu usarei o contexto de todos eles para exemplificar casos diferentes; e peço a vocês que trouxeram suas Bíblias que os acompanhem a medida que forem mencionados.

O tema desta manhã será - CONFISSÃO DE PECADO.

Nós sabemos que isto é absolutamente necessário à salvação. A menos que haja uma verdadeira e sincera confissão de nossos pecados a Deus, não temos nenhuma promessa que nós acharemos clemência no sangue do Redentor. "Todo aquele que confessar seus pecados e os abandonar achará misericórdia" . Mas não há nenhuma promessa na Bíblia para o homem que não confessar seus pecados .
Há muitos que fazem uma confissão, e uma confissão diante de Deus, e não recebem nenhuma bênção, porque a confissão deles não tem certas marcas que são requeridas por Deus, que provariam sua genuinidade e sinceridade e que demonstrariam terem sido fruto do trabalho do Espírito Santo.
Meu texto esta manhã consiste em duas palavras: "eu pequei". E você verá como estas palavras, nos lábios de homens diferentes, indicam sentimentos muito diferentes. Enquanto uma pessoa diz "eu pequei" e recebe perdão, outro diz o mesmo, porém segue seu caminho para se enegrecer com pecados piores que antes e mergulha em profundezas maiores de pecado do que antes ele tinha experimentado.

1)O Pecador Endurecido.

Faraó: "eu pequei".Êxodo 9:27

O primeiro caso que eu apresentarei a vocês é o do PECADOR ENDURECIDO que,quando experimenta terror, diz "eu pequei". E você achará o texto no livro de Êxodo 9:27 - "Então Faraó mandou chamar Moisés e Arão, e disse-lhes: Esta vez pequei; o Senhor é justo, mas eu e o meu povo somos,ímpios". Mas porque esta confissão nos lábios deste altivo tirano? Ele não se humilhava perante Jeová.Então porque aquele orgulhoso se curvou?
Você julgará o valor da sua confissão quando você ouvir as circunstâncias debaixo das quais foi feita: "E Moisés estendeu a sua vara para o céu, e o Senhor enviou trovões e saraiva, e fogo desceu à terra; e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egito. Havia, pois,saraiva misturada com fogo, saraiva tão grave qual nunca houvera em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação".
Agora, diz Faraó, enquanto o trovão estava rolando no céu, enquanto o fogo então incendiava o solo e enquanto o granizo descia em grande quantidade, ele diz, "eu pequei". Ele é somente um exemplo de multidões da mesma categoria. Quantos rebeldes endurecidos a bordo de navios, quando as madeiras estão deformadas erangendo, quando o mastro está quebrado e o navio está vagando ao sabor dovento forte, quando as ondas famintas estão abrindo suas bocas para tragar onavio tão rapidamente como aqueles que entram na cova, quantos marinheiros cujos corações se encontram endurecidos pelo pecado, curvam seus joelhos com lágrimas nos olhos, e clamam "eu pequei!".
Mas que proveito e que valor tem a confissão deles? O arrependimento que nasceu na tempestade morreu na calmaria; aquele arrependimento criado entre trovões e raios, cessou tão logo tudo foi silenciado e o marinheiro que era piedoso quando a bordo do navio, se tornou um dos piores e mais abomináveis entre os marinheiros quando colocou seu pé em terra firme.
Também, com que freqüência nós vemos isto em uma tempestade com abundância de raios e trovões? Muitos homem empalidecem quando ouvem o trovão ressoando; as lágrimas enchem seus olhos, e eles clamam "Ó Deus, eu pequei!"; enquanto as vigas da sua casa são balançadas e o solo embaixo deles oscila diante da voz de Deus em Sua majestade. Mas ai de tal arrependimento!
Quando o sol novamente brilha e as negras nuvens passam, o pecado vem novamente sobre o homem e ele se torna pior que antes. Quantas confissões domesmo tipo, nós também vemos em tempos de epidemias fatais!
Então nossas igrejas ficam cheias de ouvintes que, por verem tantos enterros passarem por suas portas, ou porque tantos morreram na sua rua, não podem se abster de ir à casa de Deus para confessar seus pecados. E debaixo daquela visitação, quando um, dois e três caem mortos em sua casa, ou na porta ao lado, quantos pensaram que realmente volveriam-se a Deus! Mas, ai! quando a pestilência acaba seu trabalho, a convicção cessa; e quando o sino toca pela última vez por uma morte causada por uma epidemia, então seus corações deixam de bater em penitênciae suas lágrimas deixam de fluir.
Tenho alguém aqui assim nesta manhã?Se há tais pessoas aqui esta manhã, me deixe solenemente dizer-lhes: "Senhores, vocês esqueceram os sentimentos que tiveram nas suas horas de angústia; mas, se lembrem, Deus não esqueceu dos votos que vocês fizeram". Marinheiro, você disse se Deus o poupasse para ver a terra novamente, você seria Seu servo; mas você não é; você mentiu a Deus,você Lhe fez uma falsa promessa, porque você nunca manteve o voto que seus lábios fizeram. Você disse, em um leito de doença, que se ele poupasse sua vida você nunca pecaria novamente como antes; mas aqui está você e seus pecados desta semana falarão por mim. Você não é melhor do que você era antes da sua doença. Você poderia mentir para Deus e não ser reprovado? E você pode pensar em mentir para Deus e não ser punido? Não! o voto, por mais precipitadamente que tenha sido feito, é registrado no céu; e apesar de ser um voto que o homem não pode cumprir, contudo, como é um voto que ele próprio fez, e o fez voluntariamente também, ele será castigado pelo não cumprimento dele; e Deus executará vingança afinal, porque ele disse que abandonaria seus caminhos de pecado, porém, quando o infortúnio é removido ele não faz isto.
O anjo vingador poderá dizer: "Ó Deus, estes homens disseram que se eles fossem poupados seriam melhores; porém são piores. Como eles violaram suas promessas, e como eles atraíram a ira divina sobre si mesmos!". Este é o primeiro estilo de arrependimento; e é um estilo que eu espero que nenhum de vocês imitem,porque é totalmente sem valor. É inútil você dizer "eu pequei" somente debaixo da influência do terror, e então esquecer disto depois.


(Continua...)

A Habitação e o Derramamento do Espírito - C.H.Spurgeon

Spurgeon pregou um sermão sobre João 7:37-39 e João 16:7 (The Indwelling and Out flowing of the Holy Spirit), na manhã do dia 28 de maio de 1882, e entre outras coisas disse:
“Será que não me alegra ter neste auditório alguns que querem pedir imediatamente esta bênção"?
Oro no sentido de que alguns que nunca receberam o Espírito Santo, agora, enquanto estou falando, sejam levados a orar: “Bendito Espírito, visita-me, leva-me a Jesus”.(Aqui ele está se referindo a incrédulos que nunca receberam o Espírito de alguma forma, e os exorta a orarem ali e naquela hora, enquanto ele estava pregando.)
E então ele continua:“Mas especialmente àqueles de vocês, que são filhos de Deus, a vocês esta promessa é feita especialmente”.(Ele se refere à promessa desta bênção do Espírito que leva a rios de água viva,fluindo do ser interior do crente.)
“Peça a Deus que faça de você tudo o que o Espírito de Deus pode fazer de você,não apenas um crente satisfeito, que bebeu só para si, porém um crente útil,que transborda de bênçãos para a vizinhança.
Vejo aqui muitos amigos que vieram do interior para passar suas férias em Londres. Que bênção seria, se eles voltassem transbordantes para as suas respectivas igrejas; pois há muitas igrejas que precisam ser inundadas; estão secas como chão de celeiro, e pouco orvalho cai sobre elas. Ah se fossem inundadas! Que coisa maravilhosa é uma enchente!
Desçam ao rio, olhem da ponte e vejam as barcaças e outras embarcações na lama. Nem todos os cavalos do rei, e nem todos os homens do rei são capazes de arrastá-las para o mar alto; ali estão elas, mortas e imóveis como a própria lama.
Que haveremos de fazer com elas? Que máquinas poderão movê-las? Teríamos entre nós algum grande engenheiro capaz de planejar um esquema que possibilite levantar esses barcos e fazê-los descer até à foz? Não, não se pode fazer isso. Esperem pela maré alta! Que transformação! Cada embarcação anda sobre a água como algo vivo.
Que diferença entre a maré baixa e a alta. Não se pode ativar os barcos quando a água se foi, mas quando a maré alta está em sua plenitude, vejam como eles se movem prontamente, tanto que até uma criança pode impeli-los com sua mão. Ah, (quanto anseio) por um dilúvio da graça!Queira o Senhor enviar a todas as nossas igrejas uma grande maré de águas vivas!Então os indolentes serão suficientemente ativos, e os que estavam meio mortos se encherão de energia. Sei que nessa doca particular jazem vários barcos que eu gostaria de fazer flutuar, entretanto eu não posso movê-los. Eles não trabalham para Deus, nem comparecem nas reuniões de oração”.(Vocês ouviram isso?)“nem tampouco dão coisa alguma dos seus bens para a propagação do evangelho”.(Todavia, ele os considera como cristãos)
“Se a enchente viesse, vocês veriam o que eles são capazes de fazer: seriam ativos, fervorosos, generosos, abundantes em toda boa palavra e obra. Oxalá seja assim! Oxalá comecem a jorrar fontes em todas as nossas igrejas, e todos os que agora me ouvem partilhem das torrentes! Ah, que o Senhor agora encha cada um de vocês e o envie de volta para casa levando consigo uma enchente da graça.Parece estranho falar de um homem levando uma enchente para casa, e,contudo, espero que seja assim mesmo, e que de você jorrem rios de água viva.Que Deus nos conceda tal bênção, por amor de Jesus. Amém”.
Charles Haddon Spurgeon (Na foto ao lado,Spurgeon ainda jovem)