sábado, 20 de setembro de 2008

Evan Roberts e o avivamento no país de Gales

"Eu estendi minha mão e toquei a chama. Agora eu estou queimando e esperando por um sinal " – Evan Roberts, pregando na Capela de Moriah, Dezembro de 1903 ¹

"Eu não sou a fonte deste avivamento. Eu sou apenas um agente dentre o que vai ser uma multidão... Eu não sou aquele que está tocandos os corações de homens e mudando as vidas dos homens. Não sou eu, mas o Deus que opera em mim"Evan Roberts, Smith's Weekly¹

O avivamento de Gales foi um dos mais impressionantes moveres de Deus de todos os tempos. Em poucos meses de avivamento, um país inteiro foi transformado, mais de cem mil pessoas aceitaram o Senhor Jesus como seu Senhor e Salvador, e a notícia foi espalhada ao redor do mundo. Acerca deste movimento registra-sse:

"Acima de tudo, uma sensação da presença e santidade de Deus impregnava cada área da experiência humana, em casa, no trabalho, nas lojas e nas tavernas. A eternidade parecia inevitavelmente próxima e real". – Efion Evans²

O avivamento começou em outubro de 1904 na pequena cidade de Loughor, com Evan Roberts, um jovem de 26 anos. Wesley Duewel conta sobre o início do avivamento no seu livro "O Fogo do Reavivamento":

"Os historiadores geralmente se referem ao reavivamento que começou na aldeia de Loughor no País de Gales como o ponto inicial do reavivamento. Evan Roberts foi o instrumento usado por Deus para inaugurar o reavivamento de 1904.
Em 1891, aos treze anos de idade, Roberts começou a ter fome e sede, e orar por duas coisas importantes:
1º para que Deus o enchesse com o Seu Espírito, e 2º para que Deus enviasse o reavivamento ao País de Gales.
Roberts fez talvez o maior investimento no banco de oração de Deus a favor do reavivamento que o Senhor desejava enviar. E talvez fosse essa a razão de Deus ter começado a onda internacional de reavivamentos no País de Gales – através de Evan Roberts."²

Evan Roberts tinha acabado de começar a cursar o seminário quando teve uma visão na qual Deus o chamava para voltar à sua pequena cidade e pregar para os jovens da sua igreja. Roberts já tivera outras experiências com Deus e estava convencido que Ele estava prestes a derramar um poderoso avivamento sobre o país de Gales. Mesmo assim, podemos imaginar que não foi fácil para ele voltar para casa depois de apenas quinze dias no seminário. Mas, na noite de domingo, 30 de outubro de 1904, durante o culto, Roberts teve uma visão dos seus amigos de infância e entendia que Deus estava falando para ele voltar para casa e evangelizar-los.²
No dia seguinte Evan Roberts reuniu os jovens da igreja e começou a passar a sua visão para o avivamento. Ele ensinou que o povo orasse uma oração simples: "Envia o Espírito Santo agora, em nome de Jesus Cristo". Roberts também enfatizou quatro pontos fundamentais para o avivamento:

.A confessão aberta de qualquer pecado não confessado
.O abandono de qualquer ato duvidoso
.A necessidade de obedecer prontamente tudo que o Espirito Santo ordenasse
.A confessão de Cristo abertamente²

Os cultos continuavam todos os dias e o fogo do avivamento começou a espalhar-se pela região.
Na primeira manhã daquela semana milagrosa, as pessoas se juntavam em grupos na rua principal de Gorseinon e a pergunta principal nos seus lábios foi, "Como você se sente agora? Você não se sente esquisito?" Nas suas mentes estavam gravadas as cenas dos cultos do Domingo quando, em cada capela, muitas pessoas pareciam ser subjugadas. As cenas se repetiam a cada dia e a alegria de Evan aumentou.

O Reverendo Mathry Morgan de Llanon visitou uma noite e viu o avivalista "que quase dançava com alegria por causa de um que estava orando fervorosamente e que estava rindo enquanto orava, por ter ficado consciente que suas súplicas estavam prevalecendo. Mr Roberts mostrou sinais animados de uma alegria triunfante, em concordância com ele. Glórias a Deus por uma religião alegre."¹
Desse pequeno começo, um grande avivamento começou a varrer o norte do país de Gales. Cultos de avivamento começaram espontaneamente, muitas vezes antes da chegada do avivalista.
A maioria dos líderes e ministros do avivamento foram jovens e adolescentes:
Evan Roberts tinha apenas vinte e seis anos de idade quando irrompeu o avivamento.
Sua irmã, Mary, que foi uma parte tão importante da obra, tinha dezesseis. Seu irmão Dan e o futuro marido de Mary, Sydney Evans, estavam ambos com cerca de vinte anos.
As "Irmãs Cantoras", que foram usadas grandemente, estavam entre as idades de dezoito e vinte e dois anos. Milhares de jovens se converteram e eram imediatamente enviados por toda a terra testificando da glória de Deus. Criancinhas tinham suas próprias reuniões de oração e testemunhavam ousadamente aos pecadores mais endurecidos. As capelas ficavam superlotadas de jovens.³
O avivamento resultou na conversão de muitos jovens, que logo se empenharam na obra de evangelização. Crianças também foram usadas poderosamente no avivamento, ganhando muitos almas para Jesus. Novos convertidos lideravam grandes reuniões de oração e estudos Bíblicos.³
Durante o avivamento os cultos continuavam quase sem parar, e a presença de Deus foi manifesta de uma forma especial. Grandes congregações, de até milhares de pessoas, foram movidos pelo Espírito a "cair aos pés simultaneamente para adorar em uníssono"; às vezes a glória do Senhor brilhava dos púlpitos com uma luz tão forte que "os evangelistas ou pastores fugiam dela para não serem completamente arrebatados".³
Um jornalista de Londres que assistiu às reuniões ficou surpreso ao ver como os cultos prosseguiam quase sem liderança ou orientação humana. Hinos, leitura da Palavra, oração, testemunhos dos convertidos e breves exortações por várias pessoas sucediam-se segundo o Espírito guiava. Os grandes hinos da igreja eram cantados durante três quartos da reunião; a ordem reinava, embora mil ou duas mil pessoas estivessem presentes. Se alguém se demorava muito na exortação, outra pessoa começava um hino.
Evan Roberts insistia continuamente: "Obedeçam ao Espírito", e o Espírito mantinha a reunião pacífica e ordeira.²
O Reverendo R B Jones descreveu um culto, onde ele pregou a mensagem da salvação:

"Como um só homem, primeiro com um suspiro de alívio e depois com um grito de alegria delirante, toda a audiência ficou de pé... Todo recinto naquele momento parecia terrível com a glória de Deus – usamos a palavra 'terrível' deliberadamente; a presença santa de Deus era tão manifesta que o próprio orador sentiu-se dominado por ela; o púlpito onde se encontrava estava tão cheio com a luz de Deus que ele teve de retirar-se!"²

Os efeitos do avivamento estenderam-se muito além dos cultos e reuniões de oração. Os bares e cinemas fecharam, as livrarias evangélicas venderam todos os seus estoques de Bíblias. O avivamento tornou-se manchete nos principais jornais do país. A presença de Deus "parecia ser universal e inevitável", invadindo não somente as igrejas e reuniões de oração, mas se manifestando também "nas ruas, nos trens, nos lares e nas tavernas" .²
"Em muitos casos, os fregueses entravam nas tavernas, pediam bebidas e depois davam meia-volta e saíam, deixando-as intocadas no balcão. O sentimento da presença de Deus era tal que praticamente paralisava o braço que ia levar o copo à boca."²
Evan Roberts trabalhou sem parar no avivamento. Ele não queria que as pessoas olhassem para ele, e muitas vezes ficava calado durante os cultos, preferindo que o Espírito Santo os dirigisse.
Ele raramente falava com os jornalistas que vinham para escrever sobre o avivamento, e não permitia que tirassem fotografias dele.
Infelizmente, Evan, o "catalisador principal" do avivamento, não cuidou da sua própria saúde, tirando o tempo necessário para descansar. Ele começou a se sentir fisicamente exausto, vindo finalmente a ter um colapso, e em abril de 1906 retirou-se para a casa do Sr. e Sra. Penn-Lewis na Inglaterra. Evan nunca mais exerceu seu ministério de avivalista, e sem sua liderança, o avivamento logo se apagou.
Rick Joyner, no seu livro "O Mundo em Chamas", fala sobre o papel da Sra Jessie Penn-Lewis na vida do avivalista:

Parece provável que Jessie Penn-lewis tenha exercido uma parte significativa em levar o grande Avivamento do País de Gales a um fim prematuro, embora ela parecesse ter a melhor das intenções. Os relatos foram de que ela convenceu Evan Roberts a retirar-se do avivamento, porque achava que ele estava recebendo muita atenção, a qual deveria ir apenas para o Senhor...
Seria desonesto incriminar Jessie Penn-Lewis como a única mão que interrompeu o Avivamento Galês, embora muitos amigos e colaboradores de Evan Roberts tenham feito exatamente essa acusação. Evan Roberts deixou a obra e foi viver na casa de Penn-Lewis, onde ele se tornou efetivamente um eremita espiritual, nunca mais usado no ministério...³


Depois de sair da liderança do avivamento, com sua saude bastante enfraquecida, Evan Roberts viveu uma vida de intercessão, escrevendo matérias para revistas evangélicas, e recebendo visitas. Alguns anos depois, junto com a Jesse Penn-Lewis, ele escreveu o livro "War on the Saints" (Guerra contra os Santos), em qual ele criticou o avivamento. Menos que um ano depois do lancamento do livro, Roberts o descreveu como sendo uma "arma falhada que tinha confundido e dividido o povo do Senhor."
O avivamento no país de Gales durou apenas nove meses, porém neste tempo marcou o mundo. Os frutos, os resultados do avivamento, foram bons: uma pesquisa feita seis anos depois do avivamento descobriu que 80% dos convertidos continuavam sendo membros das mesmas igrejas onde tiveram se convertido. Porém, isso não significa que os outro 20% tivessem se desviado, porque muitos se mudaram para missões independentes ou novas denominações.(2)

Em Cristo,
Leonardo Araújo
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(1). An Instrument of Revival: The Complete Life of Evan Roberts, 1878-1951, por Brynmor Pierce Jones.
(2). O Fogo do Reavivamento, por Wesley L. Duewel.
(3). O Mundo em Chamas, por Rick Joyner.
(4). ''God's Generals', por Roberts Liardon.

O martírio de Policarpo

O dia estava quente. As autoridades de Esmirna procuravam Policarpo, o respeitado bispo da cidade. Elas já haviam levado outros cristãos à morte na arena. Agora, uma multidão exigia a morte do líder.
Policarpo saíra da cidade e se escondera na propriedade de alguns amigos, no interior. Quando os soldados entraram, ele fugiu para outra propriedade. Embora o idoso bispo não tivesse medo da morte e quisesse permanecer na cidade, seus amigos insistiram em que se escondesse, talvez com temor de que sua morte pudesse desmoralizar a igreja. Se esse era o caso, estavam completamente equivocados.
Quando os soldados alcançaram a primeira fazenda, torturaram um menino escravo para que revelasse o paradeiro de Policarpo. Assim, apressaram-se, bem armados, para prender o bispo. Embora tivesse tempo para escapar, Policarpo se recusou a agir assim. "Que a vontade de Deus seja feita", decidiu. Em vez de fugir, deu as boas-vindas aos seus captores, ofereceu-lhes comida e pediu permissão para passar um momento sozinho em oração. Policarpo orou durante duas horas.
Alguns dos que ali estavam com a finalidade de prendê-lo pareciam arrependidos por prender um homem tão simpático. No caminho de volta a Esmirna, o chefe da guarda tentou argumentar com Policarpo: "Que problema há em dizer 'César é senhor' e acender incenso?".
Policarpo calmamente disse que não faria isso.
As autoridades romanas desenvolveram a idéia de que o espírito (ou o "gênio") do imperador (César) era divino. A maioria dos romanos, por causa de seu panteão, não tinha problema em prestar culto ao imperador, pois entendia a situação como questão de lealdade nacional. Porém, os cristãos sabiam que isso era idolatria.
Pelo fato de os cristãos se recusarem a adorar o imperador ou os outros deuses de Roma e adorar Cristo de maneira silenciosa e secreta em seus lares, a maioria das pessoas achava que eles não tinham fé. "Fora com os ateus!", gritavam os habitantes de Esmirna, enquanto buscavam os cristãos para prendê-los. Como sabiam apenas que os cristãos não participavam dos muitos festivais pagãos e não ofereciam os sacrifícios comuns, a multidão atacava o grupo considerado ímpio e sem pátria.
Então, Policarpo entrou em uma arena cheia de pessoas enfurecidas. O procónsul romano parecia respeitar a idade do bispo. Como Pilatos, queria evitar uma cena horrível, se fosse possível. Se Policarpo apenas oferecesse um sacrifício, todos poderiam ir para casa.
— Respeito sua idade, velho homem — implorou o procónsul.
— Jure pela felicidade de César. Mude de idéia. Diga "Fora com os ateus!".
O procónsul obviamente queria que Policarpo salvasse a vida ao separar-se daqueles "ateus", os cristãos. Ele, porém, simplesmente olhou para a multidão zombadora, levantou a mão na direção deles e disse:
— Fora com os ateus!
O procónsul tentou outra vez:
— Faça o juramento e eu o libertarei. Amaldiçoe Cristo!
O bispo se manteve firme.
— Por 86 anos servi a Cristo, e ele nunca me fez qualquer mal. Como poderia blasfemar contra meu Rei, que me salvou?
A tradição diz que Policarpo estudou com o apóstolo João. Se isso foi realmente verdade, ele era, provavelmente, o último elo vivo com a igreja apostólica. Cerca de quarenta anos antes, quando Policarpo começou seu ministério como bispo, Inácio, um dos pais da igreja, escreveu a ele uma carta especial. Policarpo escreveu, de próprio punho, uma carta aos filipenses. Embora não seja especialmente brilhante e original, essa carta fala sobre as verdades que ele aprendeu com seus mestres. Policarpo não fazia exegese de textos do Antigo Testamento, como os estudiosos cristãos posteriores, mas citava os apóstolos e os outros líderes da igreja para exortar os filipenses.
Cerca de um ano antes do martírio, Policarpo foi a Roma para acertar algumas diferenças quanto à data da Páscoa com o bispo daquela cidade. Uma história diz que, nessa cidade, ele debateu com o herege Marcião, a quem chamava "o primogênito de Satanás". Diz-se que diversos seguidores de Marcião se converteram com sua exposição dos ensinamentos apostólicos.
Este era o papel de Policarpo: ser uma testemunha fiel. Líderes posteriores apresentariam saídas criativas diante de situações em constante mutação, mas a era de Policarpo requeria apenas fidelidade. Ε ele foi fiel até a morte(Ap2.10).
Na arena, a argumentação continuava entre o bispo e o procónsul. Em certo momento, Policarpo admoestou seu inquisidor: "Se você [...] finge que não sabe quem sou, ouça bem: sou um cristão. Se você quer aprender sobre o cristianismo, separe um dia e me conceda uma audiência". O procónsul ameaçou jogá-lo às feras.
Policarpo disse: "Pois chame-as. Se isto fosse uma mudança do mal para o bem, eu a consideraria, mas não posso admitir uma mudança do melhor para o pior".
Ameaçado pelo fogo, Policarpo reagiu: "Seu fogo poderá queimar por uma hora, mas depois se extinguirá; mas o fogo do julgamento no porvir é eterno".
Por fim, anunciou-se que Policarpo não se retrataria. O povo de Esmirna gritou: "Este é o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o destruidor de nossos deuses, que ensina o povo a não sacrificar e a não adorar!".
O procónsul ordenou que o bispo fosse queimado.
Policarpo foi colcado no local do martírio, e o fogo foi ateado. Contudo, de acordo com testemunhas oculares, seu corpo não se consumia. Conforme o relato dessas testemunhas, ele "estava lá no meio, não como carne em chamas, mas como um pão sendo assado ou como o ouro e a prata sendo refinados em uma fornalha. Sentimos o suave aroma, semelhante ao de incenso, ou ao de outra especiaria preciosa".
Quando um dos executores o perfurou com uma lança, o sangue que jorrou apagou o fogo.
Este relato foi repassado às congregações por todo o império. A igreja valorizou esses relatos e começou a celebrar a vida e a morte de seus mártires, chegando a coletar seus ossos e outras relíquias. Em 23 de fevereiro, todos os anos, comemoravam o "dia do nascimento" de Policarpo no Reino celestial.Nos 150 anos seguintes, à medida que centenas de outros mártires caminharam fielmente para a morte, muitos foram fortalecidos pelos relatos do testemunho fiel do bispo de Esmirna.


Em Cristo,Leonardo Araújo

O massacre do Dia de São Bartolomeu

Havia esperança de que a paz fosse alcançada em Paris, em 18 de agosto de 1572. O casamento real iria unir duas facções rivais na França. Henrique de Navarra vinha de uma família protestante íntegra. Ele estava se casando com Margarida de Valois, irmã do jovem rei Carlos IX e filha de Catarina de Mediei, católica. Os nobres protestantes e católicos que estavam lutando uns contra os outros havia dez anos apresentaram-se para esse acontecimento glorioso.
O calvinismo chegou à França em 1555. A igreja protestante francesa foi oficialmente estabelecida em 1559, contando com 72 congregações no sínodo de Paris. Missionários de Estrasburgo e outras cidades calvinistas anuíam para lá. Em um curto espaço de tempo, havia 2 mil igrejas e cerca de 400 mil freqüentadores. Os protestantes franceses ficaram conhecidos como huguenotes.
A luta se iniciou em 1562, com um massacre dos huguenotes em Vassy. Os protestantes desenvolveram sua liderança militar e se defenderam em três "guerras de religião" distintas. A movimentação entre essas duas facções tinha toda a complexidade de um jogo de xadrez. A rainha, Catarina de Mediei, buscara consolidar seu poder sobre o trono de seu filho, levando, por meio de artimanhas, seus rivais a se posicionarem uns contra os outros.
Uma mistura de rivalidades nos aspectos nacional, dinástico, religioso e político alimentou ainda mais as diferenças. De que maneira a França poderia se relacionar com nações como a Espanha, os Países Baixos e a Inglaterra? No aspecto dinástico, a rainha se aliara aos de Guisa, para opor-se aos de Bourbon. Política e religião pareciam se fundir, pois os nobres huguenotes apresentavam tendência de ser mais republicanos, antimonarquistas e antipapistas.
Ao mesmo tempo em que Catarina elaborava esse intricado casamento, também planejava o assassinato de Gaspar de Coligny, o líder huguenote. Coligny era um herói de guerra francês, muito popular, que se tornara protestante. Recentemente, alcançara a atenção do rei adolescente. Particularmente, ele propusera que a França apoiasse os Países Baixos na luta contra a Espanha, estratégia à qual Catarina se opunha grandemente. Em 22 de agosto, a tentativa de assassinato fracassou totalmente. Um plano desonesto como aquele, às vésperas de um casamento, ameaçava causar um terrível embaraço à família real. Diz-se que o rei fez o seguinte comentário: "Já que você vai assassinar Coligny, por que não mata todos os huguenotes da França, de modo que não fique um sequer para me odiar?".
Foi quase isso o que aconteceu. Em pânico, Catarina ordenou o massacre dos líderes protestantes em Paris. O alerta soou às quatro da manhã do dia 24 de agosto de 1572, o dia de São Bartolomeu. Coligny foi assassinado em seu quarto. Claude Marcel, um oficial da cidade, reuniu grupos de pessoas (incluindo alguns assassinos de aluguel extrangeiros) para percorrer as ruas da cidade caçando outros líderes huguenotes. Não foi difícil encontrá-los. De modo geral, os huguenotes eram prósperos comerciantes da cidade e donos de lojas. De uma hora para outra, o ressentimento das classes mais humildes foi atiçado contra esses cidadãos de classe média. Um horrendo massacre teve início em nome da pureza religiosa.
Corpos foram empilhados às centenas. Muitos foram jogados no rio Sena. A barbaridade era aterrorizante: um livreiro foi queimado, com seus sete filhos, em uma fogueira feita com seus livros. Nem mesmo os bebês foram poupados desse banho de sangue.
A loucura se espalhou pelas províncias nos dias e nas semanas que se seguiram. Catarina tentou diminuir a violência em Paris fazendo com que Carlos assinasse uma declaração dizendo que o assassinato de Coligny e dos outros huguenotes não era um golpe contra a fé protestante, mas simplesmente o abafamento de uma conspiração. Isso pode ter acalmado os parisienses já fartos de sangue, mas, nos outros lugares da França, o terror apenas começava. A despeito das ordens reais aos governadores das províncias, aprovando a "proteção" para os huguenotes, as multidões continuavam ensandecidas.
Em Lion, por exemplo, os huguenotes foram reunidos em um mosteiro, para sua "proteção". Quando o lugar ficou lotado, eles foram transferidos para uma prisão. A multidão católica, porém, conseguiu invadir a prisão e terminou por matar todos eles. Em todos os lugares, os huguenotes estavam sendo estorquidos e eram forçados a pagar enormes resgates por sua vida, mas, com freqüência, eram assassinados de qualquer maneira.
Estima-se que a quantidade de mortes chegou a 100 mil, embora o número mais provável esteja entre 30 e 40 mil. Mesmo assim, o massacre não extinguiu a chama huguenote na França. Outras cinco guerras civis foram travadas entre os protestantes franceses e os católicos nos anos que se seguiram.
Pouco depois da última dessas guerras, em 1589, Henrique de Navarra — o noivo protestante do casamento — tornou-se rei. Anteriormente, ele já abdicara de suas convicções protestantes por conveniência política, e fez isso novamente quando se tornou rei. Em 1598, tentou aplacar os huguenotes com o Edito de Nantes, concedendo razoável liberdade religiosa, pelo menos nos redutos huguenotes. Isso, no entanto, também limitou as incursões protestantes nos territórios católicos.
Os huguenotes tiveram um breve período de prosperidade, mas o cardeal Richelieu rescindiu alguns de seus privilégios políticos em 1629, e Luís xiv oficialmente revogou o Edito de Nantes em 1685. Somente um século mais tarde, o controle dos católicos sobre a França foi novamente desafiado.

Em Cristo,Leonardo Araújo

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

"Vamos cozinhar esse ganso"

O homem a quem essas palavras se referem era João Hus, cujo sobrenome significa "ganso", em seu idioma pátrio, o tcheco. A pessoa que proferiu essas palavras se referia ao fato de que Hus seria queimado em uma fogueira. Porém, quando o Estado e as autoridades eclesiásticas condenaram Hus, estavam acendendo a fogueira do nacionalismo e da Reforma da igreja.
Em 1401, João foi ordenado sacerdote. Ele passou a maior parte de sua carreira ensinando na Universidade de Praga e pregando na influente Capela de Belém, não muito longe da universidade.
Embora a terra de Wycliffe ficasse longe da Boêmia, sua influência se espalhou depois que o rei Ricardo II da Inglaterra casou-se com Ana, irmã do rei da Boêmia. Ana abriu caminho para que os habitantes da Boêmia fossem estudar na Inglaterra. Assim, os escritos reformistas de Wycliffe começaram, lentamente, a se espalhar pela Boêmia.

Nas paredes da Capela de Belém, as pinturas contrastavam o comportamento dos papas e de Cristo. O papa caminhava montado em um cavalo, mas Cristo andava a pé; Jesus lavava os pés dos discípulos, e o papa permitia que as pessoas beijassem seus pés. O mundanismo do clero ofendia Hus, que pregava e ensinava contra isso, ao enfatizar a piedade pessoal e a pureza de vida. Quando enfatizou o papel da Bíblia na autoridade da igreja, ele elevou a pregação bíblica a um importante lugar no culto.
Os ensinamentos de Hus se tornaram populares entre as massas e algumas pessoas da aristocracia, incluindo-se a rainha. Conforme sua influência na universidade crescia de forma notável, a popularidade dos textos de Wycliffe também aumentava.
O arcebispo de Praga se opunha aos ensinamentos de Hus. Ele instruiu Hus a parar de pregar e pediu que a universidade queimasse os textos de Wycliffe. Quando Hus se recusou a cooperar, o arcebispo o condenou. O papa João XXIII (um dos três papas do Grande Cisma, também conhecido por "antipapa") colocou Praga sobre interdito — ato que efetivamente excomungava toda a cidade, porque ninguém ali poderia receber os sacramentos da igreja. Hus concordou em sair de Praga para ajudar a cidade, mas continuou a atrair multidões enquanto pregava nas igrejas e organizava reuniões ao ar livre.
Hus suscitou a oposição do clero não apenas por denunciar o estilo de vida imoral e extravagante do clero — incluindo o papa —, mas ao afirmar que somente Cristo é o cabeça da igreja. Em seu livro Sobre a igreja, defende a autoridade do clero, mas afirma que somente Deus pode perdoar os pecados. Hus disse também que nenhum papa ou bispo poderia estabelecer doutrinas contrárias à Bíblia, assim como nenhum cristão verdadeiro poderia obedecer às ordens de um clérigo se elas estivessem claramente equivocadas.
Em 1414, Hus foi convocado ao Concilio de Constança para defender seus ensinamentos. Sigismundo, imperador do Sacro Império Romano, prometeu-lhe salvo-conduto.
O concilio já tinha uma opinião formada sobre Hus. Ele foi preso imediatamente após sua chegada. O concilio condenou tanto os ensinamentos de Wycliffe quanto os de Hus, que defendia as idéias de Wycliffe.
Sob ataque, Hus se recusou a negar que afirmara que quando um papa ou um bispo estivesse em pecado mortal, ele deixava de ser papa ou bispo. Em sua defesa oral, complementou suas declarações dizendo que o rei também deveria fazer parte dessa lista.
Sigismundo convocara o concilio para corrigir o Grande Cisma, o que foi realmente alcançado. Contudo, é natural que nenhum concilio que restaurasse a autoridade do papa recebesse de bom grado um rebelde, que questionava seu direito de fazer isso.
Abatido por sua longa prisão, pela doença e pela falta de sono, Hus ainda alegou inocência e se recusou a renunciar a seus "erros". Ele fez a seguinte declaração ao concilio: "Eu não renunciaria à verdade nem mesmo por uma capela repleta de ouro".
Em 6 de julho de 1415, a igreja condenou, formalmente, Hus e o entregou às autoridades seculares para a punição imediata. No caminho para o lugar de execução, Hus passou diante de uma igreja na qual uma fogueira queimava seus livros. Rindo, disse aos observadores que não acreditassem nas mentiras que estavam circulando sobre ele. Ao chegar ao lugar onde seria queimado em uma fogueira, o oficial do império pediu a Hus que se retratasse de suas idéias. "Deus é minha testemunha", disse o sacerdote, "de que as evidências contra mim são falsas. Eu nunca pensei nem tampouco preguei nada que não tivesse a intenção de, se possível, livrar os homens de seus pecados. Hoje morrerei satisfeito".
Depois de sua morte, as cinzas de João Hus foram jogadas no rio.
Em vez de colocar seu prestígio em risco, a corajosa morte de Hus só serviu para aumentar seu reconhecimento. Inflamados pela combinação de fervor religioso e nacionalismo, seus seguidores se rebelaram contra a Igreja Católica e seu império controlado pelos germânicos. Com essa rebelião, eles efetivamente se livraram de ambos. A despeito de todos os esforços dos papas de erradicar esse movimento, ele sobreviveu como igreja independente, a "Unitas Fratrum", ou "Unidade dos Irmãos".

Em Cristo,Leonardo Araújo

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Conhecimento produz avivamento


Proclamação da Palavra promove discernimento, obediência e zelo

O estudo da Palavra de Deus, sua divulgação e prática, são os elementos predecessores de um real avivamento. Vai longe o tempo em que associava-se conhecimento com ceticismo e frieza espiritual. Sabemos da grandiosidade do poder de Deus através de sua Palavra e, quanto mais a conhecemos, mais cientes ficamos de nossa dependência e do quanto Ele nos protege.
Conta-se a estória de uma família que se dispôs a fazer um cruzeiro em um navio de primeira classe. Como em toda a viagem marítima, receberam um manual de instruções contendo as informações necessárias aos tripulantes. Nele, estavam contidos todos os deveres, direitos e regalias das quais os viajantes precisavam tomar conhecimento.
No dia previsto, ignorando as informações previstas no manual, a família embarcou para a tão sonhada viagem e como era precavida, levou mantimento para passar quinze dias de navegação. Todos os dias nos horários das refeições enquanto as pessoas se dirigiam para o restaurante, os membros da família abriam suas lancheiras e se punham a degustar os alimentos que trouxeram. No décimo quinto dia, já não havia mais condições de engolirem aquela comida. Então, a força da necessidade falou mais alto que a da negligência e o pai da família resolveu convidar a todos para almoçarem no restaurante da embarcação.
Na entrada havia um recepcionista bem vestido que providenciava mesa e demais comodidades aos viajantes. A família se dirige até ele e o líder da casa, imaginando quão tremendo estrago causará no bolso por comparecer a um lugar tão grã-fino como aquele, arrisca a pergunta: “Quanto custa o almoço?” O rapaz com um sorriso nos lábios lhe responde gentilmente: “Quando o senhor retirou os bilhetes não recebeu um manual? Nele estava a informação de que, na compra dos bilhetes, estão incluídas as refeições de todos os dias”.
Esta historieta nos dá a noção do que pode causar a falta de conhecimento. Todo avivamento espiritual registrado na Bíblia é resultado direto de uma renovada proclamação da Palavra de Deus e da obediência a Ela.
O grande teólogo Donald Stamps, autor das notas e estudos da Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), afirmou que todos os reais e duradouros avivamentos são marcados pela reposição da Palavra de Deus ao seu devido lugar de autoridade e honra.

Reforma, Teologia e avivamento

O protagonista da Reforma Protestante, Martinho Lutero (1483-1546), foi um dos monges agostinianos mais disciplinados e competentes de seu tempo. Após estudar acuradamente a Bíblia, e depois de certificar-se que nela não havia nada sobre purgatório e muito menos pagamento como condição para alguém salvar-se, formulou 95 teses nas quais expunha os pontos básicos da Reforma condenando a venda de indulgências e enfatizando a temática da justificação pela fé, essência do protestantismo.
A publicação da Reforma deu-se em 31 de outubro de 1517 quando Lutero afixou na porta da Igreja de Witemberg. Por esta causa foi excomungado pelo papa. E não seria demais reafirmar que esse revolucionário movimento fora deflagrado em seu coração através do estudo da Palavra de Deus, em especial o texto de Rm 1.17 que diz: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”.
No início do século passado por volta de 1900, alguns alunos de uma escola teológica começaram a estudar sobre o batismo no Espírito Santo. Entre esses alunos estavam Agnes Ozman e duas outras mulheres. O estudo ministrado pelo pastor Parham a seus 40 primeiros alunos era realmente gratificante, porém, a experiência durante o culto da noite de 1 de janeiro de 1901 foi algo marcante.
Agnes Ozman, sentindo um forte desejo de ser batizada no Espírito Santo, perguntou ao pastor Parham se ele poderia impor suas mãos e orar para que ela recebesse a promessa.
De acordo com o relato de Parham, “Agnes Ozman falou chinês por três dias, durante os quais não podia falar nem escrever inglês”.
O mês de janeiro, então, é considerado a data oficial do movimento pentecostal que se estende até nossos dias.
A mensagem do pastor Parham e a notícia do que havia acontecido, influenciou J. A. Warren a abrir uma nova Escola Bíblica em Houston, Texas. Warren era orador leigo, metodista, assistente de Parham e Willian J. Seymour.
Seymour era negro e juntamente com outros, que se interessaram pela mensagem do Movimento da Fé Apostólica, mudou-se para Los Angeles e ali iniciou um ponto de pregação em uma casa de família na Bonnie Brae Street para um público mesclado. Ensinava, mediante as Escrituras, algo que ele mesmo ainda não havia provado. Entretanto, na data de 9 de abril de 1906, um domingo, o próprio Seymour e outros sete irmãos receberam o batismo no Espírito Santo. A repercussão foi instantânea e, com isso, o ambiente em pouco tempo tornou-se pequeno.
Seymour viu-se obrigado a obter um espaço maior, num lugar acessível a todos, foi assim que descobriu um prédio de uma Igreja Metodista Episcopal que estava fechado na rua Azusa, 312. Fundou-se então, nesse local, a Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica da Fé Apostólica).
O movimento de Azusa Street 312 foi tão poderoso que causou grande vulto entre o povo, atraindo até mesmo a mídia secular, que por sua vez encarregou-se de divulgar os fatos e, à semelhança da Igreja Primitiva, que caiu na graça de todo o povo, vinham pessoas de várias partes do país e até mesmo do exterior, as quais recebiam poder do alto e levavam consigo a chama pentecostal para os pontos mais longínquos do globo terrestre, a exemplo de Gunnar Vingren e Daniel Berg, fundadores da AD e do movimento pentecostal no Brasil.

Restabelecendo o ensino

Tudo o que eu julgo ser bom, útil e importante para mim, é, e deve ser objeto de minha constante busca. Se a invulnerabilidade da vida cristã consiste em ser cheio do Espírito Santo, esse então é o meu objetivo. Minha vontade e meu desejo me encorajam a buscar essa virtude. E, se a via correta e racional para atingir esse alvo é o estudo da Palavra de Deus e não o emocionalismo ilusório, minha capacidade de busca optará por fazê-lo.

Descoberta, valorização e utilidade

Quando nos voltamos para o texto de 2Crônicas 34.15, onde diz: “E Hilquias respondeu e disse a Safa, o escrivão: Achei o livro da Lei na Casa do Senhor. E Hilquias deu o livro a Safa”; ficamos a pensar na deplorável situação em que se encontrava o majestoso templo construído no reinado de Salomão, todo trincado com fendas extremamente largas, em outros pontos da construção o estado era caótico, pois encontrava-se totalmente em ruínas.
Na memória de alguns, creio, imperava a lembrança do período áureo daquele local, onde era utilizado para cultuarem ao Senhor.
Imaginamos o descuido com algo tão importante como o Livro da Lei do Senhor existente no Templo por ordenança de seu escritor, o legislador Moisés (Dt 31.9-11, 24-26), a posição anterior do Livro junto à Arca do Concerto oferecia às pessoas seu valor e sua importância, mas agora lá estava Ele, jogado entre os escombros e entulhos do Santuário, semidestruído, como se nada representasse ou que nada significasse.
Surge então um jovem rei que toma a sábia iniciativa de restaurar a Casa do Senhor, tanto no aspecto de benfeitorias no prédio como no restabelecimento do culto religioso.A descoberta do Livro foi importante mas nada significaria se não houvesse por parte de quem o achou interesse em desvendá-lo através da leitura e da execução do seu conteúdo.
A Bíblia afirma que o rei Josias foi o mais crente de todos os reis e que celebrou a maior festa espiritual (2Rs 23.25 e 2Cr 35.18).
Ele foi mais privilegiado em inteligência? Seu dia possuía mais horas que o das demais pessoas? Com certeza, não! Ele simplesmente não ignorou o valor da descoberta.

Equipe de apoio

O rei contava com o apoio de uma equipe fiel e eficiente (2Cr 34.8-13,20,22). Uma parte cuidava das coisas espirituais e outra, das materiais. O escrivão Safa, autorizado pelo rei, falou com as pessoas responsáveis pela avaliação do orçamento (2Cr 34.8), logo após, foram até o sumo sacerdote Hilquias e entregaram a soma de dinheiro (2Cr 34.9) e, finalmente, levaram o montante e passaram às mãos de uma equipe que iria executar o serviço (2Cr 34.10-14). O rei ficou despreocupado pois sua equipe de pessoas competentes e, acima de tudo honestas, as quais receberam o dinheiro e o empregaram sem desperdiçá-lo (2Rs 22.7 e 2Cr 34.9-12).
Já dentro do templo o sacerdote encontra o Livro da Lei e o entrega a Safã, porque o que lhe interessava era o bem estar do reino e não sua autopromoção (2Cr 34.15).
Percebe-se então que o departamento da ED precisa mais do que qualquer outro, de uma equipe de apoio aliada a um superintendente criativo. O corpo docente cuida da “Lei”, ou seja, do ensinamento da Palavra, e a equipe de apoio atende à parte administrativa da ED, auxiliando a todos. Coisas como: recepcionar visitantes, observar as pessoas que estão faltando, idealizar e promover eventos extraclasses (marketing) para estimular a freqüência da ED.

Avivamento com conhecimento

Avivamento sólido e real, com características autênticas e resultados concretos, consolida-se através do desempenho de etapas dentro do processo ensino/aprendizagem.
A Bíblia é rica em lições para nossas vidas. Se propusermo-nos a estudá-la, com certeza seremos mais abençoados. Existem pessoas que por desconhecerem as Escrituras, coagem Deus a lhes dar pela Bíblia aquilo que na verdade não lhe é devido.

Oração

Tenha propósito definido em suas orações. Não peça porção dobrada do Espírito de Deus, isso é impossível que Ele faca, pois se fizer estará criando um deus superior a Ele.
Ore como Habacuque pedindo avivamento (Hc 3.1,2), não só você, mas todo o departamento de educação cristã.

Requisitos canalizadores e estimuladores do avivamento através do ensino

Você e sua equipe deverão ter visão ampla e criatividade para afastarem a monotonia e a rotina. É necessário triagem periódica para a identificação de problemas que, se ignorados, poderão avolumar-se. Com base nos episódios do rei Josias e das parábolas da ovelha e dracma perdidas (Lc 15.1-10), vamos analisar o ponto em comum existente entre seus acontecimentos.

Perceptibilidade

Pode parecer fácil, mas se você não tiver unção do Espírito Santo e a assessoria devida de uma equipe, talvez não consiga perceber e identificar a falta de alguma coisa.
O rei Josias percebeu a precisão de uma reforma no templo para que, desse modo, garantisse o futuro da tribo de Judá, pois uma vida de espiritualidade efêmera está fadada ao fracasso. Com o templo o povo poderia cultuar a Deus e dessa forma ser mais submisso.
O homem que tinha cem ovelhas (Lc 15.4) só soube que faltava uma porque certamente conhecia todo o seu rebanho e valorizava-o por igual.
Semelhantemente a mulher que perdera sua dracma (Lc 15.8), ela tinha conhecimento do valor de sua moeda e mantinha afinidade com ela de igual modo.
E você, está sabendo valorizar os seus alunos?

Interesse

O rei interessou-se pelo bem estar da sua alma como também com o de seus súditos. Preocupou-se em fazer conforme estava escrito no livro (2Cr22.13; 23.3).
A demonstração do interesse do homem por suas ovelhas e também da mulher por suas dracmas, pode ser percebido facilmente no fato de que, para que sentissem falta delas, no mínimo eram contadas todos os dias, pela manhã e pela tarde.
Se nosso departamento não se interessar pelo bem estar dos alunos faltosos, em pouco tempo não contaremos nem com a presença dos assíduos. Devemos mostrar empatia e preocupação pelos seus problemas e necessidades.

Disposição

O rei se dispôs para que a obra fosse concluída. Mobilizou de um lado, mexeu de outro, e concretizou seu desejo. Evidente que isso tornou-se mais fácil, porque ele não se empenhou sozinho, mas delegou poderes a uma equipe disposta a qual estava trabalhando ao seu lado para atingir o mesmo objetivo.
O homem dono do rebanho com certeza enfrentou obstáculos mil para deixar seus compromissos e se lançar aos perigos de uma busca incerta. A mulher relegou tudo a segundo plano até encontrar sua dracma perdida.

Método

O condutor de Judá estava com o Livro da Lei nas mãos. Já o havia lido, porém não sabia que atitude tomar, foi quando então lhe veio à mente que sua equipe fiel e eficiente poderia consultar o Senhor, por ele e pelo povo (2Rs 22.13). Contudo, antes de tomar essa decisão ele havia feito quatro coisas comoventes que contribuíram decisivamente para o avivamento:

(1) “…o teu coração se enterneceu…”;
(2) “…e te humilhaste…”;
(3) “…rasgaste as tuas vestes…”;
(4) “…e choraste perante mim…” (2Rs 22.19).

Compadeceu-se pelo povo (O aluno quer sentir isso do professor?).Reconheceu sua falibilidade (Só o aluno erra?).Esqueceu sua posição de superioridade e autoritarismo (Perco a minha autoridade sobre os alunos procedendo assim?).Chorou por si e pelo povo (Temos orado para darmos exemplo? E nas orações, temos incluído nossos alunos?).
Não sabemos quanto tempo o pastor gastou procurando pela ovelha. Quem sabe levou alimento e passou muitos dias caminhando muitos quilômetros sob o sol escaldante. E utilizou vários meios diferentes para resgatá-la. Aja de forma imparcial e incondicional. Faça planos, defina objetivos, trace metas e convide sua equipe a convergir igualmente os esforços para sanar deficiências. Crie meios de atrair a atenção e depois conscientize os alunos de suas responsabilidades.

Divulgação

Naquela época não existia sistema de alto-falante, rádio, televisão, telefone e Internet. Então como o rei reuniu todo o povo desde o adulto até a criança? Mais uma vez o rei contou com a eficiência e disponibilidade de sua equipe que, com certeza, fez um grande trabalho de divulgação e convite, tão in tensivo que não faltou ninguém (2Rs 23.1,2).
O pastor após retornar de sua exaustiva jornada, ainda teve coragem de se dirigir à casa de amigos e vizinhos, convidando-os para juntos se alegrarem pelo encontro e resgate de sua ovelha (Lc 15.6). Em todos os casos, apesar de milenares, as personagens históricas funcionaram como importantes divulgadores do século 21.
Lembro-me quando foi lançada a campanha Biênio da Escola Dominical 96/97, Achei o Livro da Lei na Casa do Senhor (2Cr 34.15), nascida na visão da liderança da Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), alarmada com o fato de 80% dos crentes não freqüentarem a igreja aos domingos pela manhã. Os avanços acontecidos depois dessa campanha são inúmeros e impossíveis de mencionar.
Aqueles que popularizam sua ED estão ganhando almas e mais alunos com esse recurso. Muitas pessoas não a freqüentam por causa da falta de estímulo de seus dirigentes e coordenadores. Crie e mostre a necessidade de o aluno ir à ED, lembre-se que o que é bom, útil e importante pode e deve ser desejado. Promova mais a ED e você verá os resultados. - César Moisés de Carvalho

FONTE:Revista Ensinador Cristão, ano 3, nº 9. Rio de Janeiro: CPAD, jan/mar 2002. pp.44-7.
Autor: César Moisés de Carvalho, pastor assembleiano e escritor.

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César Moisés Carvalho é pastor assembleiano, pedagogo, escritor, articulista e conferencista.

Os avivamentos através da históra


Deus é infinitamente poderoso para ainda hoje derramar sobre nós o seu Espírito como um rio transbordante, da mesma maneira como fez no passado.

IRINEU (130-200dC) bispo de Lyon, na Gália.

Declarou que no seu tempo muitos cristãos falavam línguas estranhas pelo Espírito e tinham dons, inclusive o de profecia. Irineu foi discípulo de Policarpo, bispo de Esmirna, que, por sua vez, fora discípulo de João, o apóstolo.

JUSTINO MÁRTIR (100-165dC).

Nasceu na Palestina, converteu-se em Éfeso e morreu em Roma. Nos seus escritos, mencionou os dons espirituais em evidência nos seus dias, inclusive o dom de línguas estranhas pelo Espírito Santo.

ORÍGENES (185-254dC), teólogo de renome.

Afirmou que os dons espirituais, inclusive o de línguas, eram um fato notório nos seus dias.

CRISÓSTOMO (347-407dC), patriarca de Constantinopla.

No sentido eclesiástico oriental, o termo “patriarca” designa um bispo investido de prerrogativas e precedências especiais. Crisóstomo relatou um caso em que três membros da sua igreja falaram pelo Espírito Santo em persa, latim e hindu.

AGOSTINHO (354-430dC), bispo de Hipona, no Norte de África.

Deu testemunho de que as línguas estranhas estavam em evidência no seu tempo.

WALDENSES e ALBIGENSES (1140-1280dC).

Isso no Sul da Europa, em plena Idade Tenebrosa – a Era Medieval. Eles eram dissidentes da Igreja Romana, seguidores dos princípios bíblicos da salvação e da vida cristã em geral. Os historiadores afirmam que entre eles havia manifestações espirituais em línguas estranhas, segundo o Novo Testamento.

LUTERO (1483-1546).

Falava em línguas e profetizava, conforme depoimento histórico do Dr. Jack Deer, eminente professor e historiador batista, do Seminário Teológico de Dallas. Essa informação também é encontrada nas obras História da Igreja Alemã, de Souer (volume 3, pág. 406) e Pentecostes para Todos, de Emílio Conde, pág. 88.

ANABAPTISTAS da Alemanha (1521-1550).

Havia entre eles manifestações do Espírito, inclusive dons espirituais e línguas estranhas, como registra a história.

HUGUENOTES (1560-1650).

Eram, na França, protestantes, dissidentes quanto à forma de
governo da época, no respeitante à liberdade religiosa. O historiador A. A. Boddy assim escreveu: “Durante a perseguição dos huguenotes, a partir de 1685, havia entre eles os que falavam em línguas, transbordantes de fervor espiritual”.

QUAKERS (1647-1650) e os SHAKERS (1771-1774).

Eram cristãos organizados em grupos distintos, no Nordeste da América do Norte, região da Nova Inglaterra. Dos Quakers (tremedores) e Shakers (puladores), diz a obra História da Igreja, de Philip Schaff, edição de 1882, que entre esses grupos havia manifestação de dons espirituais, inclusive línguas estranhas.

METODISTAS primitivos. Líder: João Wesley (1703-1791), inglês.

O historiador Philip Schaff, na sua História da Igreja, edição de 1882, relata que esses metodistas pugnavam por uma vida santa e muitos tinham dons espirituais e falavam línguas. O movimento avivalista metodista começou em 1739, em Londres. Foi no Metodismo que teve maior expressão e vulto o Movimento da Santidade, na América do Norte, entre determinadas igrejas tradicionais, após o início do século XIX, do qual, quase um século depois, surgiu o atual Movimento Pentecostal.

IRVINGISTAS. Líder: Edward Irving (1822-1834), presbiteriano, da Igreja Escocesa de Londres.

Irving testemunhou, entre outros fatos, que, em 1831, uma irmã solteira, por nome Hall, cheia do Espírito Santo, falou em línguas num culto de oração. A Igreja Presbiteriana local forçou o pastor Irving a renunciar ao seu pastorado por causa do avivamento que estava ocorrendo e seiscentos membros da igreja da Regent Square, de lá saíram com aquele pastor. Isso também está averbado na obra citada acima, de Schaff.

D. L. MOODY (1837-1899), poderoso evangelista e avivalista norte-americano.

Ele era batista e pregava a salvação em Cristo de modo diferente e objetivo. Pregava a plenitude do Espírito Santo e uma vida cristã cheia do poder do alto.
Acerca da sua marcante cruzada cristã evangelística de Londres, em 1873 escreveu Robert Boyd: “Moody pregou à tarde no Auditório da Associação Cristã de Moços, em Sunderland. Em pleno culto houve manifestação de línguas estranhas e profecia. O fogo espiritual dominava o ambiente” (Moody and Sankey in Great Britain, 1875).
Há muitos outros exemplos de que, ao longo da história, o Espírito Santo vem sendo derramado sobre aqueles que o buscam. A mundialmente conhecida e respeitada Enciclopédia Britânica, declara: “A glossolália (o falar noutras línguas) esteve em evidência em todos os avivamentos da história da igreja” (volume 22, pág. 282, ano 1944).

O declínio espiritual da igreja

A igreja do primeiro século, pelo poder do Espírito Santo, tornou-se uma força invencível para levar o Evangelho de Cristo aos lugares mais remotos da Terra e conquistou almas para Deus em todos os locais do poderoso Império Romano, até no palácio do imperador César, como se lê em Filipenses 1:13 e 4:22.
No fim do primeiro século, a espiritualidade da igreja já havia arrefecido (Apocalipse 2:4, 15,20; 3:16-18). Era tão decadente o seu estado que, para cinco das sete igrejas locais mencionadas em Apocalipse 2 e 3, a mensagem do Senhor foi: “Arrepende-te” (2:5, 16,22; 3:3, 19). Nos dias do imperador Constantino, já no quarto século, a igreja foi tutelada pelo Estado, ganhando muita fama. Mas isso fê-la perder espiritualidade e poder.A decadência continuou até que ela se transformou numa organização humana na Idade Média (500-1500dC), em vez de ser um organismo divino, como Corpo de Cristo, como revela o Novo Testamento.
Como já vimos, Martinho Lutero foi um homem que experimentou a presença poderosa do Espírito Santo. Deus levantou esse baluarte cristão, por quem a doutrina bíblica fundamental da justificação pela fé foi restaurada à igreja. Lutero foi o instrumento de Deus para desencadear o Movimento da Reforma Religiosa em 1517.

Outros movimentos avivalistas que se seguiram foram pelo Senhor usados para o retorno de outras doutrinas essenciais, como:

a) O avivamento liderado por Wesley – A doutrina da santificação.
b) Os morávios – As missões.
c) O Exército de Salvação – A evangelização e a ação social da igreja.
d) O Movimento Pentecostal – A dotação de poder do alto, mediante o batismo no Espírito Santo, com a evidência física inicial no falar noutras línguas pelo Espírito, como ocorreu quando o Senhor Jesus batizou os salvos pela primeira vez, em Jerusalém (Atos 2:1-4).
Um exame da história, do ponto de vista religioso, mostra que os trinta anos que precederam o século XIX (1870-1900) foram, na igreja cristã em geral, de declínio espiritual, de disputas teológicas acirradas e vazias, de enfraquecimento na fé cristã, de “cristianismo” formal, de rejeição do sobrenatural, de profissionalismo ministerial, de inatividade na evangelização do mundo e de conformismo quanto à frieza espiritual. Ao mesmo tempo, em diferentes pontos do globo, pequenos grupos de homens e mulheres, movidos por Deus, confessando os seus pecados com arrependimento, clamavam a Deus em oração e jejum por um avivamento de busca da Palavra de Deus, de tristeza e repúdio pelo pecado – um avivamento de santidade e de derramamento de poder do alto para reavivar a igreja. Entre muitos líderes da igreja de então reacendeu a convicção de que há para o crente um batismo no Espírito Santo subseqüente à conversão como afirma Atos 1:4-5.
Surgiu também, no íntimo deles, um incontido clamor pela evangelização do mundo, mediante missões estrangeiras, bem como a busca das operações sobrenaturais de Deus, como é o caso da cura divina e demais milagres, segundo as Escrituras. Já nesse tempo de sequidão espiritual, como registra a história, houve, em diferentes pontos do globo, muitos casos de cura divina e batismo no Espírito Santo, com a manifestação de línguas estranhas. - Pastor Antônio Gilberto

Fonte: Mensageiro da Paz (CPAD) de Setembro de 2007
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Pastor Antônio Gilberto,70 anos, é considerado um patrimônio da AD no Brasil.
Em outubro de 1997, ele recebeu da Abec (Associação Brasileira de Editores Cristãos) o prêmio Personalidade Literária.Formado em Psicologia, Teologia, Pedagogia e Letras, autor de 7 livros, entre eles o Manual de Escola Dominical; editor da Bíblia de Estudo Pentecostal em português, sucesso em todo o Brasil; fundador e primeiro coordenador do CAPED, de 1974 a 1989, e com um ministério que vai além das fronteiras nacionais, ele é indiscutivelmente uma das maiores personalidades da literatura evangélica nacional. Recentemente, atendendo a um convite da Convenção Geral da AD nos Estados Unidos, foi empossado membro da junta diretora da Global University, em Sprigfield, Missouri.