quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ABRAÃO,O AMIGO DE DEUS - Gn 12.1-5

INTRODUÇÃO:

São muitos os exemplos de fé descritos na Bíblia, mas destaca-se, com especial tratamento, o de Abraão, o qual é denominado “pai da fé”. A palavra fé, do ponto de vista escriturístico, tem o significado básico de “fidelidade” (Dt 32.4; Sl 36.5; 37.3). Na verdade, o estudo da vida de Abraão é de grande valor pelo fato de ser ele o pai da nação eleita – Israel, e pai na fé de todos os que crêem em Deus. A sua chamada divina se reveste de um caráter especial, por ser o ponto de partida para a formação do povo que, em meio aos cananeus idólatras, serviria a Deus, como único, invisível e verdadeiro Deus.

I. A VIDA DE ABRAÃO ANTES DA SUA CHAMADA

Depois do juízo divino do Dilúvio e a confusão das línguas de Babel, os povos descendentes de Sem, Cão e Jafé espalharam-se sobre a face da terra. Conforme a genealogia de Abraão, sua descendência veio de Sem, a linhagem da promessa messiânica (Gn 11.10-26).

1. O primitivo nome de Abraão. Seu nome original Abrão (Gn 11.26) significava “pai elevado”, ou “pai das alturas”. Posteriormente, depois de uma aliança feita com o Deus Altíssimo, seu nome passou a chamar-se Abraão que significa “pai fecundo” ou “pai de uma multidão”(Gn 17.5).

2. Os ancestrais de Abraão. Abraão é descendente de Sem, um dos filhos de Noé, através de Tera (Gn 10.10,26), o décimo na linhagem genealógica que vem de Sem. A cidade de Ur, onde nasceu e viveu Abraão e sua família, ficava na antiga Sinar ou Suméria, situada a 160 kms a sudeste de Babilônia, junto à foz do rio Eufrates. Toda aquela região é hoje conhecida como Iraque.
O antigo nome da região, Sinar, vem de “Sin”, o “deus-lua” adorado naquela cidade. Logo, conclui-se que os progenitores de Abraão não conheciam o Deus verdadeiro; eram idólatras (Js 24.2,14,15). Como Abraão veio a conhecer o Todo-Poderoso, não está revelado.Como alguém já disse,certa feita:"Que eu não tenha voz,aonde a Bíblia se cala".

3. A esposa de Abraão, Sara (Gn 11.29-31; 12.5). Quando Deus ordenou a Abraão que saísse de sua terra e do meio de sua parentela, naturalmente, isso não significaria ele abandonar a sua esposa, então chamada Sarai. Ela estava inclusa no plano de Deus para ser a mãe de uma nação especial. O antigo nome dessa mulher, Sarai, significa “princesa”, mas após o encontro de Deus com Abraão, seu nome passou a ser simplesmente Sara, para denotar o seu futuro papel de “mãe de muitas nações” (Gn 17.15,16). Deus não separa casais, nem desfaz casamentos, isto acontece pela maldade humana, quebra da lei divina e pelo pecado, como Jesus deixou claro em Mateus 19.8. O Eterno quer que todos os cônjuges permaneçam unidos para o cumprimento dos seus desígnios.

II. A CHAMADA DE ABRAÃO

Deus chamou a Abraão do meio de um povo idólatra. Diz a Escritura que Ele mesmo apareceu a Abraão estando ele na casa de seus pais (At 7.2-4). Abraão vivia em um mundo corrupto e idólatra e daquele meio Deus o cercou de todas as promessas e pôs-lhe na frente um alvo supremo: ser o pai de muitas nações, e entre estas, uma seria especialmente designada pela presciência divina para ser a representante dos interesses do Altíssimo na terra.

1. A tríplice ordem de Deus a Abraão (Gn 12.1). Na Chamada de Deus a Abraão, há três determinações nas quais estão a essência do plano divino para ele.
A primeira foi: “Sai-te da tua terra”, isto é, Deus tinha uma outra terra, fértil e promissora para ele viver. A partida era indefinida e o lugar para onde ele iria era desconhecido por eles. O grande patriarca deveria partir, independente do desconhecimento dos detalhes. Na verdade, o que Deus queria era que Abraão partisse sem olhar para traz, ou sem pensar em retorno. A terra onde ele habitava seria um transtorno para os planos divinos. Sua saída de Ur dos Caldeus deveria ser para ele um desprendimento completo; uma renúncia total, material, social, e espiritual.
A segunda ordem de Deus foi: “Sai-te do meio da tua parentela”. Com exceção da sua esposa Sara, ninguém mais da família deveria acompanhá-lo naquela peregrinação à terra que Deus lhe havia designado. Mas Abraão, constrangido pela idade do seu velho pai Terá, decidiu levá-lo também. Ainda, um sobrinho muito ligado à família, chamado Ló, resolve unir-se ao patriarca na viagem. Esses laços familiares deveriam ter sido evitados para que Abraão e sua esposa não tivessem qualquer impedimento no caminho preparado por Deus.
Viajaram quase 1000 kms e chegaram a Harã. Ali o idoso Terá não pode mais prosseguir a jornada. Custou caro a Abraão cortar esses laços familiares. Ele deveria ter obedecido a Deus sem reservas e, então, sua viagem de fé teria o devido êxito.
A terceira exigência divina foi: “Vai para a terra que eu te mostrarei”. A terra prometida a Abraão estava muito além de Harã (Gn 17.8; At 7.4). A esta altura aprendemos uma lição preciosa. Quando Deus nos chama nada deverá nos prender a este mundo, porque Ele cuida de tudo.

2. Abraão vai para Harã e Siquém (Gn 12.4-8). Abraão acumulou riquezas em Harã, mas o seu coração não estava naquele lugar. Ele decidira fazer toda a vontade de Deus e partiu de Harã para Canaã, chegando a Siquém. Seu pai já havia morrido e nada mais o deteria em Harã. Sua fé em Deus lhe deu forças para prosseguir. Em Siquém, o Senhor lhe apareceu, reafirmou-lhe as promessas anteriormente feitas e mostrou-lhe toda a terra dos cananeus, a Canaã prometida.

3. Abraão muda de Siquém para Betel (Gn 12.8). Foi em Betel, “casa de Deus”, que Abraão edificou um altar ao Senhor. Agora, naquelas terras, Abraão sabia que, no tempo próprio, ele as teria como cumprimento das promessas divinas. Betel, daqui para a frente, sempre lembrará ao crente um lugar de oração, de encontro com Deus, de decisões importantes na vida espiritual.

III. O CARÁTER DA CHAMADA DE ABRAÃO

A chamada de Abraão tem caraterísticas valiosas para o nosso ensino. O Deus que chamou Abraão é o mesmo que continua chamando e convocando homens e mulheres para o cumprimento de seus desígnios.

1. A soberania de Deus. A soberania divina manifesta-se na vida de Abraão. Deus via nele o homem certo para cumprir sua vontade. Ao mesmo tempo, essa soberania manteve o livre-arbítrio de Abraão, o qual estava livre para obedecer ou não a convocação de Deus. Naturalmente, Deus pode escolher uma pessoa desde o ventre de sua mãe e investir nela o conhecimento de sua soberana vontade, mas entendemos que essa pessoa pode fugir ou desobedecer a vontade divina. No caso de Abraão, o texto de Neemias 9.7,8 deixa implícito seu caráter moral como requisito para a chamada divina.

2. A escolha de Abraão por Deus. Tenhamos em mente que Deus não faz acepção arbitrária de pessoas. Com Abraão Deus inicia uma dispensação especial, a dispensação da promessa e, dentro dessa dispensação, Deus seleciona e escolhe pessoas para cumprirem missões especiais. Abraão foi escolhido por Deus para ser pai de uma nação que o adoraria e representaria seus interesses na terra perante todas as nações. Primeiro Deus escolhe um homem, Abraão; depois, da sua semente, escolhe uma tribo, Judá e, dessa tribo, escolhe um rei, Davi; e através da descendência de Davi, Deus traz ao mundo, seu Filho Jesus, como o Verbo encarnado, para ser o Salvador do mundo.

CONCLUSÃO:

A chamada divina feita a Abraão coloca-o entre aqueles que Deus em sua presciência conhecia e, por isso, o escolheu para ser o homem a cumprir os seus desígnios. Abraão foi obediente à chamada divina e pautou toda sua vida pelo princípio de fazer a vontade de Deus.

Em Cristo,Leonardo Araújo.

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